Os limites do humor. A ciência explica porque rimos
Em 30 de janeiro de 1.962, três alunas de uma escola religiosa de Kashasha, na Tanzânia, começaram a rir. A risada era tão contagiosa que suas colegas também começaram a rir. A risada se propagou, sala após sala. Infectou a metade dos presentes no colégio. Quase uma centena de pessoas não podiam parar de rir. Passaram semanas e essas pessoas seguiam rindo. A escola teve que fechar. As meninas voltavam para suas casas contagiando os vizinhos. No total, 14 escolas tiveram de ser fechadas. A epidemia de riso só desapareceu 18 meses depois de seu início. E foi publicada em alguns estudos científicos.
Resposta ao conflito e confusão.
Os melhores estudos sobre o humor - são mais de 135 pesquisas - descrevem o humor como nossa resposta natural ao conflito e à confusão. Também dizem que não existe uma só piada que agrade todo mundo. O experimento de uma universidade do Reino Unido concluiu que as piadas mais divertidas eram curtas, tinham uma média de 103 letras, que o animal mais gracioso para o mundo do humor era o pato e, difícil de crer, a hora que mais rimos é exatamente às 18h03. E o dia do mês que mais estamos expostos ao riso é o 15.
Freud explica?
Sigmund Freud disse que o humor é nossa resposta aos conflitos e à ansiedade. Ainda que hoje em dia poucos cientistas tomem Freud a sério, quase todos reconhecem que essa teoria está correta. As piadas que não nos incomodam não tem chance de triunfar. É o conflito de querer rir, e, ao mesmo tempo, não estarmos seguros se deveríamos rir. Usam o humor perverso do humorista Gilbert Gottfried para expor a teoria. O humorista, depois de uma semana do 11 de setembro, quando N.York ainda cheirava a queimado, disse: "Tenho de voar a Los Angeles. Não consegui um voo direto e terei de fazer escala no Empíre State Building". Rir ou vaiar? O riso vive nesse limite.
Tanzânia explicada.
No momento da epidemia de riso da Tanzânia, aquele país tinha se tornado independente do Reino Unido. A escola estava abandonando a segregação racial. Além disso, as alunas eram adolescentes, nem crianças e nem adultas, época em que as pressões são tremendas. Entravam em um mundo que não era africano e nem britânico. Nem branco e nem negro. A risada era um mecanismo de luta, uma maneira de enfrentar os conflitos.