Os livros sagrados como manuais de guerra
A Bíblia, a Tora dos judeus, o Livro dos Mortos dos egípcios e o Tao Te Ching, livro da religião tradicional chinesa podem ser lidos como verdadeiros manuais de guerra. Eram eles que, por exemplo, determinavam os limites de um guerreiro. Mas a mais clara determinação dos limites de um guerreiro não vem precisamente de um livro sagrado, está na até hoje famosa Lei de Talião, inscrita no Código de Hamurabi dos mesopotâmios: “fratura por fratura, olho por olho e dente por dente”. Ainda que os livros sagrados buscassem por esses limites, só com a, copiada mundialmente, Lei de Talião, fez-se respeitar.
Assim como hoje, na Antiguidade havia uma grande preocupação com o estresse pós-guerra. A maioria dos guerreiros tinham sérios problemas mentais após as batalhas. A diferença está na distância do “olho na faca”. O guerreiro antigo via seu adversário cair e morrer pois estava a tão somente distante de uma lança (esqueçam das espadas, armas de guerra eram a lança e o machado). Diferente da atualidade, onde as balas podem suprimir a dor do baleado à vista de quem atira.
Existe um estudo do exército norte americano que afirma que “depois dos 500 metros o atirador não sente a dor do inimigo”. Pode matar à vontade, não terá estresse pós guerra. Distância inferior a essa, levará muitos guerreiros a não apertar o gatilho ou sentir a agonia do adversário.
O Deus "Piloto das Nuvens"
Ainda que pouco divulgado atualmente, a palavra Deus para os judeus significava “Piloto das Nuvens”. Era um deus que de cima de uma nuvem, determinava os raios, trovões e tempestades que deveriam se abater sobre os inimigos.
Observem as pinturas de telas e vitrais mais antigos do catolicismo, sempre aparecerá um Deus sobre uma nuvem. Esse é o deus guerreiro. Fundamental nos primeiros séculos por ser “mais poderoso” que os outros deuses das regiões vizinhas, crescerá na Idade Média, onde todos os exércitos aguardarão por seu surgimento nas batalhas.
O papel dos sacerdotes nas batalhas
Hoje esquecidos, os sacerdotes, durante séculos, eram os responsáveis por dar início a uma batalha. Os exércitos dos judeus, dos egípcios e dos mesopotâmios levavam um sacerdote que antes das batalhas cortavam uma cadela ao meio. As tropas deviam passar entre as duas metades do animal. Essa prática só foi modificada pelos legionários de Roma. O sacerdote de Roma rezava pela vitória dos soldados ao “Deus sol invicto” e arremessava uma lança na direção da tropa inimiga. Estava dado o sinal do ataque.
Com a vitória do catolicismo durante o mandato de Constantino, o exército romano dividiu-se no aspecto religioso: parte dele continuou rezando para o Deus sol invicto e outra parte, menor, para o Deus cristão.
Constantino, o segundo nome mais importante para o cristianismo
Esta coluna defende a ideia de que Paulo de Corinto foi o nome mais importante para a existência do cristianismo. Também defende que Constantino foi o responsável por sua vitória.
Antes de Constantino (nascido na Sérvia atual em 27 de fevereiro de 272 d.C.), os cristãos eram povos perseguidos pelos romanos e por quase todos os povos da época. A marca do cristão primitivo é a do sacrifício de sua vida em nome de Deus. Não encontrava trabalho, não era aceito nos templos, nas praças... viviam fechados nas residências de seus seguidores. No piores momentos eram presos e mortos.
Só a história atual afirma que Constantino foi um imperador com duas religiões. A do sol invicto e o cristianismo. Ao longo dos séculos, Constantino foi visto como o redentor dos cristãos.
Ele teria sido convertido após a vitória sobre Magêncio na Batalha da Ponte Mílvia, em 28 de outubro de 312, perto de Roma. Na noite anterior à batalha, sonhou com uma cruz e nela está escrito em latim: “in hoc signos vinci” (por este sinal conquistarás). De manhã, um pouco antes da batalha, mandou pintar uma cruz nos escudos dos soldados e conseguiu uma vitória esmagadora sobre o inimigo. Mas essa é apenas uma das inúmeras vitórias desse guerreiro. O cristianismo tem a marca indelével dos melhores guerreiros.
Em seguida, Constantino passou a adotar símbolos cristãos primitivos como o “chi-ro”, emblema que combinava as duas primeiras letras do nome de Cristo, “x” e “p” sobrepostos.
O papel de Helena, a mãe de Constantino
Será sua mãe, Helena, nascida cristã, quem irá a Jerusalém localizar uma cruz que passou a ser entendida como a verdadeira, “Vera Cruz”. Helena também ordenou a construção da Igreja do Santo Sepulcro –substituindo o templo dedicado a Afrodite– tido como o local do sepultamento de Cristo.
Estas histórias estão escritas nos livros religiosos. Para quem vai a Jerusalém, ouvirá que Helena determinou a construção de quase todos os locais sagrados para o cristianismo, desde os entornos das ruas que compõem a Via Sacra –ruas onde Jesus passou carregando a cruz- até capelas e igrejas que contam passagens da vida de Cristo.