Prováveis impactos com a queda do império da carne
Hoje, o mercado mundial das carnes é altamente competitivo. Qualquer deslize pode ser fatal. O escândalo das carnes brasileiras está gerando melhores oportunidades para nossos concorrentes. A Índia é o mais provável vencedor, há boas chances desse país asiático tomar mercados dos brasileiros, ainda que sua carne bovina seja de menor qualidade. Mas são os indianos que estão disputando mais ferozmente os mercados com o Brasil.
Essa disputa é estranha, só explicada pela extrema capacidade do cientista brasileiro nesse setor da economia. No final do século XIX, fazendeiros do Triângulo Mineiro viajam à Índia para buscar um boi que era considerado como dos melhores no mundo. Eram identificados pela corcova - cupim - e pelas orelhas longas. O tempo passou, atualmente, são os indianos que vem ao Brasil comprar esse mesmo boi que pela genialidade do geneticista brasileiro passou a ser considerado de melhor qualidade. Uma história do aluno ensinando ao mestre ou do feitiço virar contra o feiticeiro.
O outro concorrente, Estados Unidos, poderá tomar muitos mercados, mas, dificilmente, tomará o chinês devido ao retorno das tensões protagonizadas por Donald Trump. É outro fato estranho, a maluquice do presidente norte americano poderá nos proteger.
É claro que a recente ínfima abertura do mercado dos EUA para o gado brasileiro, provavelmente, terá as portas fechadas. O terceiro competidor - a Austrália - passa no momento pela recomposição de seus rebanhos decorrente de longo período de seca que levou seus produtores a abater o gado em quantidades maiores do que estava acostumado.
Perda de mercado das carnes poderá determinar permanência da recessão.
O Brasil levou décadas e gastou fortunas colossais para conquistar mercados internacionais. A imagem do país está abalada e, dificilmente, será recuperada em curto intervalo de tempo. A consultoria MB Agro fez as contas e afirma que a perda de mercados das carne acarretará no prolongamento da recessão, afetando a vida de todos os brasileiros.
A consultoria afirma que o impacto da queda nas exportações será de 1 ponto percentual do PIB. A previsão do governo, antes do escândalo das carnes, era de crescimento de 1 ponto percentual do PIB. Zeraremos o crescimento, permaneceremos em recessão em 2017. A melhor "futurologia" nos remeterá à volta do crescimento somente em 2018. Mais um ano perdido.
Escândalo das carnes redundará em aumento do desemprego e redução na arrecadação de impostos.
Os brasileiros consomem, aproximadamente, 80% das carnes que produzimos. Algo como 20% a 22% é destinada ao exterior. No ano passado, a exportação de carnes somaram mais de US$14 bilhões (R$ 44 bilhões), atrás apenas do minério de ferro e da soja.
A consultoria GO Associados estima que a cada 10% de redução nas exportações brasileiras redundará na perda de 420 mil postos de trabalho. Poderemos ter milhões de novos desempregados. O mesmo referencial - a cada 10% de redução nas exportações - significará em redução de R$1,1 bilhão em impostos. Notícias que aterrorizam a todos - população e governantes.
Só as carnes? Leite, café, azeite e mel também são adulterados.
Há poucos dias, uma operação do Ministério Público do Rio Grande do Sul, identificou empresas locais que vinham adicionando substâncias para continuar vendendo leite com data de validade vencida. Diminuíam a acidez e eliminavam micro-organismos. Nas mesmas empresas, o creme de leite era "rejuvenescido", acrescentando água em produtos ressecados. Mais de 100 produtores e distribuidores foram denunciados e respondem a processos criminais.
Para formar a dupla café com leite adulterado, o Procon de Minas Gerais denunciou que 30% de 241 marcas continham impurezas acima do limite. Adicionavam a casca do grão de café, soja e milho que são mais baratos. E não para aí.
Algumas marcas de azeite de oliva são apenas óleo de soja ou não são extra-virgem como vendem. De 24 marcas testadas pela Proteste - Associação de Defesa do Consumidor - as marcas Tradição, Figueira da Foz, Torre de Quintela, Pramesa e Lisboa não passam de misturas de óleos e não azeite puro de oliva.
Um estudo publicado no "Food Chemistry" revelou que 13% das amostras de mel no Brasil eram acrescidas de xarope de açúcar.
Os impostos mais estranhos do mundo.
Imposto da flatulência bovina.
O governo Dilma recebeu a sugestão de um renomado estudioso de impostos brasileiro para criar o imposto da flatulência bovina, mas resolveu esquecer o assunto. A ideia foi criada na Europa e está em vigor. Na Dinamarca cobram 16 euros por vaca.
Na Irlanda, o imposto é ainda maior: 100 euros por vaca. A ideia é restringir a criação bovina na Europa e deixar os "poluidores ruminantes" para os países do Terceiro Mundo. O fato é que a flatulência do gado elimina muito gás metano, altamente poluente para o meio ambiente.