Quando comprar roupas em uma loja passou a ser um divertimento
Durante milênios, a compra de roupas era uma relação direta e trivial de trocas, uma negociação com vendedores ambulantes ou lojistas - em nada diferente de comprar ovos ou leite. Mas aconteceu uma revolução onde esse ato de comprar passou a ser um divertimento, a prática da escolha do de "olhar as vitrines" se tornou uma experiência desejada por si só. Antes existiam bazares e mercados ao ar livre, é claro, mas nada parecido com o que ocorreu em Londres nos últimos anos do século XVII. Ainda que recente no Brasil, a compra por diversão tem mais de 400 anos.
Três bairros da elite londrina mudaram o rumo das compras.
St. James, Ludgate e Bank Juction esses foram os bairros da elite londrina que mudaram o comércio. Eram poucos quarteirões. Ofereciam roupas, joias e mobiliários. As fachadas das lojas mostravam grandes vitrines, com mercadorias expostas em arranjos atraentes. Os interiores eram enfeitados por espelhos e luzes, por pilares adornados e tapeçarias. Eram "teatros dourados", como observador definiu.
Entrando na sala de visitas de um lorde.
Toda aquela elegância teatral tinha como objetivo criar uma espécie de aura para o simples ato de comprar roupas. As lojas, até então, pareciam barracas de feira. As novas lojas criaram um ambiente suntuoso, como se o consumidor estivesse entrando na sala de um lorde, e não barganhando com um mascate na rua. Aqueles designs de lojas se tornaram parte fundamental da mensagem de marketing. Em verdade, foram as primeiras formas de marketing planejadas.
Uma experiência entusiasmante.
O ambiente sedutor das lojas era projetado para induzir os clientes a ficarem ali por um bom tempo, para ver suas compras como uma busca de lazer e uma experiência entusiasmante. Quanto mais tempo um cliente ficasse na loja, mais recebia atenção e persuasão. O ato de comprar tinha se transformado em um fim, e não apenas em um meio. Foram definidas como "palácios da ilusão ", projetadas para enfeitiçar seus consumidores. Diversão, essa é a regra válida há 400 anos para quem deseja vender algum produto.