Quando os dentes funcionavam como a terceira mão
Em dezembro de 2007, durante obras para construção de casas, localizaram por acaso o que se conhece como "Escavação do Caminho do Moinho", em Murcia, na Espanha. Essa escavação data de três mil anos antes de Cristo, isto é, tem algo próximo de 5.000 anos. É uma gigantesca cova coletiva com 1.348 indivíduos e 52 cães em uma cavidade de sete metros de diâmetro. Nela também há punhais, cinzéis, vasilhas cerâmicas, contas de colares e panos funerários.
Dentes como terceira mão.
Os estudos recentemente publicados em revista científica mostram que as mulheres utilizavam seus dentes como se fossem a terceira mão. Fiavam tecidos, na falta de instrumentos, usando a dentição, como também cuidavam da cozinha e das crianças. Já os homens, utilizavam seus dentes em trabalhos artesanais com o couro, além de caçar e pescar. Há cinco mil anos, já ocorria uma divisão do trabalho baseada no sexo.
Todos morreram antes do 60 anos.
Os ossos dessa cova mostram que somente um homem conseguiu chegar aos 59 anos. O grupo mais numeroso faleceu entre 21 e 39 anos. Para compreender a magnitude dessa tumba é necessário saber que há na França duas outras da mesma época, nenhuma chega a ter 500 indivíduos. Os cientistas já imaginavam que há cinco mil anos usassem os dentes como terceira mão por causa de uma sepultura egípcia, que tem o desenho de uma mulher fiando com os dentes e uma vasilha italiana (etrusca) com desenho semelhante. Ficou difícil rebater as teses feministas que negam a divisão do trabalho na pré-história baseada no sexo.