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Em Pauta

Quando tomar banho era estranho e perigoso

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 10/01/2024 08:10
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

No mundo de hoje, vemos a higiene de uma forma radicalmente diferente. O conceito de tomar banho, por exemplo, era estranho para quase todos os europeus e norte-americanos até o século XIX. Submergir o corpo na água era uma coisa insalubre, até perigosa. Supostamente, tapar os poros com sujeira e óleo era uma proteção contra doenças. Os médicos diziam que "banho enche a cabeça de vapores". Havia outros que garantiam que o banho era inimigo dos nervos, dos ligamentos e afrouxava muitas pessoas, levando-as a ter gota.


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Nobres, os mais sujos dentre sujos.

Podemos ver com clareza esse preconceito nas crônicas reais. Elizabeth I, da Inglaterra, dava-se ao trabalho de tomar banho uma vez por mês. Era uma aberração para os demais nobres imundos. Quando criança, Luis XIII, da França, tomou o primeiro banho aos sete anos. Entrar nú na água não era coisa que europeus civilizados fizessem. Era uma tradição bárbara de romanos e de árabes. Não da aristocracia de Paris, Londres, Lisboa ou Madri. Contarei a imundície da corte brasileira em outro momento. Difícil imaginar gente tão suja quanto os "queridinhos" D.João e Pedros, seus familiares e amigos.


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Charles Dickens e seu famoso chuveiro.

Vagarosamente, a partir do XIX, essa atitude começou a mudar. Charles Dickens, o mais popular romancista inglês, desafiou todas as regras que os sujismundos europeus tanto adoravam. Construiu um sofisticado chuveiro de água fria em sua casa em Londres. Foi ele talvez o maior propagandista das virtudes higiênicas e energéticas de um banho de chuveiro diário.


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Bernard Shaw fez sucesso ensinando a tomar banho.

Após Dickens, um gênero menor de livros de auto-ajuda e panfletos começaram a ensinar as pessoas a tomar banho. As instruções eram tão detalhadas que hoje parecem ensinar alguém a pousar um grande avião. Bernard Shaw, na peça "Pigmalião", causou sucesso ao debater o banho. "Eu não quero morrer", diz a aluna, personagem central da peça, quando seu professor deseja colocá-la em uma banheira. Na sequência, os reformistas religiosos britânicos entraram na luta pró-banho. Criaram manuais e começaram a construir banhos públicos e chuveiros em todo o país. Nas últimas décadas do século XIX, tomar banho esteve intrinsecamente ligado à religião protestante. Católico não tomava banho, protestante tomava.


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Quase milagre: usar sabonete.

Curiosamente, fala-se pouco sobre o sabonete no processo de popularização do banho no final do século XIX. Já foi muito difícil convencer as pessoas de que a água não as mataria. O sabonete tem história muito diferente. Só entra nas casas das pessoas impelido pelo marketing do século XX, recém nascido nos EUA. Quem estuda a história do sabonete diz que foi quase um milagre as pessoas passarem essa barra no corpo.

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