Sementes transgênicas X agrotóxicos, ainda sabemos muito pouco
Uso de sementes transgênicas é o mesmo que mais agrotóxicos venenosos no campo?
A resposta correta é: não sabemos. Após anos de disputas pseudo-científicas e ideológicas, há sim uma quase onipresença das sementes transgênicas. Eram clandestinas, a partir de 1998, vieram da Argentina contrabandeadas e, em poucos anos, dominou os campos dos Estados do Sul do país. Em 2003, o governo liberou a comercialização das safras ilegais. Junto com a soja transgênica vieram nos caminhões do contrabando agrotóxicos, em enorme quantidade, aumentando o envenenamento dos campos brasileiros e consequentemente da população.
Na última década, o Brasil tornou-se o segundo mercado da Monsato, principal produtora das sementes transgênicas, atrás apenas dos EUA. Em 2012, o faturamento da Monsanto no país chegou a R$ 3,4 bilhões, com crescimento de 21% sobre 2011. Chegaram as versões modificadas geneticamente de milho e algodão. A do feijão foi criada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) que ainda não colocou no mercado.
Produto põe Mapa e Embrapa do lado oposto ao MDA
No governo federal há divergências. O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a Embrapa são entusiastas das sementes transgênicas. Na outra trincheira estão os membros do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) que constantemente alertam para os efeitos colaterais indesejáveis que seriam ocasionados pela transgenia.
Poucas pesquisas, nenhuma com aceitação plena, apontam para efeitos adversos em ratos. Há apenas uma verdade nesse embate: ninguém sabe se as sementes transgênicas causam malefícios aos seres humanos.
A reação da União Européia a esse desconhecimento dos efeitos da transgenia veio na forma de ação e não mais de discursos como ocorre no Brasil, lá liberaram 3 milhões de euros para novas investigações científicas. Aqui liberaram mais discursos com clara motivação ideológica. No início de outubro um procurador federal, Anselmo Cordeiro Lopes, do Distrito Federal, enviou um ofício à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, para incluir audiências públicas nos processos de análise para a liberação do uso comercial dos transgênicos. Há denúncia de que a CTNBio virou uma mera carimbadora de aprovações de sementes transgênicas.
Letra T impressa na embalagem deveria indicar que produto é transgênico
A única ação concreta do governo federal foi a de obrigar as indústrias de alimentos a inserirem a letra T nas embalagens quando o produto contiver ao menos 1% de ingredientes modificados geneticamente. Você conhecia essa norma legal ou alguma vez reparou em uma bolachinha ou barra de chocolate a existência desse T? Pois é, norma para inglês ver.
Existem hoje, 56 variedades transgênicas aprovadas no Brasil para soja, milho, algodão e o feijão da Embrapa. Segundo as fábricas de sementes alteradas, as lavouras plantadas produzem mais e demandam menos agrotóxicos. Teriam economia de água, diesel e menor geração de gás carbônico. Uma maravilha se for verdade.
Um desses venenos, o glifosato trouxe como consequência o surgimento de ervas daninhas e provável aumento do risco de intoxicação do consumidor. Quem afirma é a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Essa mesma agência expediu norma que possibilita aumentar o limite máximo do agrotóxico nas lavouras de soja. Você entendeu? Nem eu.
A única clareza é a regra brasileira: o que interessa é produzir mais, se existir algum risco para a saúde depois será analisado.
Mais veneno no campo
Novidade – dieta de gado confinado sem capim
A conclusão de um estudo realizado pela Universidade Federal de Goiás e da Universidade São Marcos, de São Paulo, em parceria com empresa goiana Agrocria, especializada em nutrição animal, diz que já é possível criar gado sem fazer uso de capim na dieta.
De acordo com esse estudo, inédito no Brasil, a dieta do gado é dividida em 85% de milho e 15% de um composto denominado núcleo-protéico-mineral vitamínico peletizado. Esse sistema oferece, entre outros benefícios, diminuição do período de engorda para o abate, que é concluído em dois anos, enquanto no sistema tradicional o prazo é de três anos. Ainda tem voo direto para Goiânia?
Pesquisas para ovos e para uso da tilápia
OVOS
Foi desenvolvida na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, na unidade de Jaboticabal, uma embalagem para o transporte e armazenamento de ovos sem refrigeração e impermeável a líquidos e gases, a qual evita a desidratação do produto e contaminação por micro-organismos.
Além dessas vantagens, a embalagem é dotada de meios que impedem choques dos ovos, reduzem o risco de contaminação alimentar e preservam a qualidade inicial dos ovos por quatro semanas.
TILÁPIAS
Fruto de pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP (Universidade de São Paulo), foi desenvolvido um produto com carne de tilápia para ser comercializado como comida-rápida (fast food).
Chamado de quenelle – espécie de bolinho – o produto é congelado e já vem pronto para o consumo, sendo necessário apenas assar. É rico em proteínas, possui baixo teor de calorias e pode durar até 120 dias armazenado em congelador.
O Brasil tem 370 bilhões de dólares acumulados
Se de início o ex-presidente do Banco Central dos EUA (FED), Ben Bernanke, não admitia que a política monetária de não reduzir as compras de papéis financeiros era a responsável direta e mais importante para a desvalorização das moedas dos países emergentes, inclusive do nosso real, hoje todos, inclusive o próprio Bernanke, admitem tal mudança drástica no câmbio mundial.
O que vem salvando o Brasil de um terremoto financeiro cambial é o fato de dispormos de um mercado de câmbio extremamente sofisticado e bem regulado, no qual existem instrumentos de intervenção governamental (os swaps) e o mais importante: acumulamos US$ 370 bilhões de reservas, que nos propiciam segurança e tempo para enfrentar o ajuste que for necessário.
Apesar da pirataria, as indústrias cinematográfica e fonográfica dão lucro
Apesar de a Associação Cinematográfica dos EUA dizer que a pirataria está acabando com a indústria do cinema, Hollywood conseguiu receita de US$ 35 bilhões em 2012. A evolução é de 6% sobre o valor de 2011.
Do outro lado do Atlântico, em Londres, pesquisadores da London School of Economics publicaram no início de outubro um relatório sobre os efeitos da pirataria nas receitas das indústrias de entretenimento. Eles dizem que a verdade é diferente do que os governos gostam de propalar. A indústria musical continua a lucrar e a crescer apesar da pirataria on line.
Eles garantem que as receitas de vendas digitais, serviços de assinatura, streaming e shows compensam qualquer pequeno declínio na venda de CDs.
Aparentemente, a solução não é continuar a dizer que os jovens internautas são criminosos pela pirataria que praticam, mas oferecer opções mais atraentes de consumo legal. A imensa avidez dos consumidores em assinar serviços de streaming como o Netflix é prova disso.
A ciência brasileira está se tornando uma máquina cara e ineficiente
Quem denúncia é nada menos que a muito respeitada revista Nature. Em seu site, em agosto, apareceu uma reportagem sobre a descoberta de um esquema criado por revistas científicas brasileiras da área médica para inflar artificialmente seus fatores de impacto, uma medida universal importante.
As consequências para as revistas e para os pesquisadores que nelas publicaram artigos foram escandalosas no meio científico-universitário. A Thomson Reuters, organização internacional que calcula e divulga o fator de impacto de revistas científicas, suspendeu as revistas brasileiras de seu ranking. A Capes, nossa Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do governo federal, anulou a contagem da produção de 2010 a 2012 das revistas.
Os fatos ocorridos expõem o estado das coisas no mundo das ciências.
Conforme publica artigos, o cientista universitário acumula pontos, que conferem prestígio, aceleram a carreira e facilitam o acesso a recursos. Qual a saída criativa de muitos cientistas universitários? Multiplicar o número de revistas. Muitos dos nossos cientistas estão se tornando operários de uma linha de montagem de artigos em revistas de nenhuma importância, frequentemente insensíveis às necessidades da sociedade.
As marcas mais valiosas da América Latina – três são de cervejas.
Três cervejarias estão no top tem da lista do estudo BrandZ Top 50 Marcas Mais Valiosas da América Latina, a mexicana Corona, a brasileira Skol e a colombiana Aguila. Quem caiu no top 10 foi a Petrobras, líder no levantamento do ano passado.
Sabem qual é o painel de madeira de sua cozinha ou guarda-roupa?
Brevemente saberão. Vem aí uma dura e renhida luta entre a Duratex – a mais conhecida e rica companhia do setor, contra a Masisa (pronuncia Maciça), uma empresa chilena com duas fábricas no Brasil e perspectiva de abrir uma terceira (bem que poderia ser aqui).
Quem comandará a guerra do lado da Masisa será uma mulher – Marise Barroso. Conhece? Não, claro que não. Ela é mais conhecida como Marise da Amanco. Foi a generala da Amanco contra a Tigre, e promoveu o salto de detentora de 10% do mercado para 32%, em seis anos.
Lembram do Carlinhos Brown pulando como doido e gritando: “Aman-cô”, “Aman-cô”? Pois é, a Marise Barroso colocou no ar uma agressiva campanha de marketing contra a Tigre e abocanhou uma parcela substancial do mercado de canos e conexões.
E a conquista não tinha como arma somente o marketing. Ela inventou uma “faculdade” para encanadores e treinou 55 mil alunos. Claro, futuros compradores da Amanco. Fez mais, percebeu que o maior problema dos donos de lojas de material de construção era o capital de giro. Inovou também, criando um cartão de crédito para eles e, por fim, desenvolveu um software para arquitetos projetarem as malhas hidráulicas. Tremenda revolução nos canos e conexões. A Tigre perdeu parte substancial do mercado para essa mulher.
Preparem-se para a guerra senhores da Duratex do outro lado vem a Marise, a Mara, a Patrícia e a Yazmín. Ela desmontou o comando feito por homens na Masisa e colocou suas oficiais para a guerra, mezzo homem, mezzo mulher. Começou!
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