Supermercado religioso: o ateu reza e católico crê em karma
As novas gerações são cada vez menos crentes, mas também mais espirituais. Uma contradição que se explica pelo individualismo, pós modernidade e a preocupação com a saúde mental. Deixaram de buscar Deus nas pequenas coisas, passaram a procurar a si mesmos. A moda é procurar a vida simples e tranquila em retiros, monastérios, spas para ricos e reuniões espiritualizadas.
Desfrutando da vida monástica.
Um pouco de calma e viver um tanto "slow", um conceito que está muito na moda mas que as monjas levam séculos vivendo. Nada muito exótico: leituras, passeios pelo campo, alimentar galinhas, cuidar da horta e escutar as monjas cantando. A velocidade vertiginosa da vida necessite de uma parada. Com devidas pequenas mudanças, esse é o receituário de dezenas de spas e dos retiros religiosos.
Pulando os muros da igreja.
As pesquisas religiosas mostram que incríveis 60% dos jovens do mundo não tem religião. Mas os rituais religiosos está crescendo com a mesma força. Estranho, mas é a pós modernidade. Os rituais foram reciclados, em um exitoso "rebranding" litúrgico que pulou os muros da igreja. Mais além dos dogmas que servem de base a qualquer religião, há uma parte prática, ritual, que foi afinando ao longo dos séculos. E ela se relaciona muito bem com a psicologia e com os cuidados da saúde mental.
Respiração, salmos e mantras.
Entre a repetição de salmos católicos, de mantras budistas e respirações "mindfulness" sonha diferenças formais, não há uma só diferença final. Se trata de valorizar as pequenas coisas do dia a dia. Encontram a si mesmos, encontram paz. Desconectam-se do estresse. Muitas vezes você toma o café da manhã por tomar, trabalha no automático, faz as coisas por inércia. Chega a hora de parar.
Espiritualidade crescente.
Uma pesquisa religiosa mostrou claramente que enquanto a espiritualidade vem crescendo vertiginosamente entre os jovens, a religiosidade e suas proibições vem decrescendo. Conceitos como o karma, a reencarnação, a previsão do futuro e as "energias" não só crescem, mas especialmente se assenhoram dos cristãos de qualquer igreja ou templo. A religião serviu por muito tempo como muro de contenção dessas espiritualidades. O muro caiu. Os assuntos da alma passaram a ser personalizados. Cada um tem a "liberdade", a palavra mais importante de nossos tempos, de misturar o que bem entender. Ateu passou a rezar. Católico a crer em karma. É o supermercado religioso. Cada um coloca a espiritualidade que bem entender em seu carrinho.
