Tarcísio, o melhor bolsonarista, reeleição ou presidente?
Enquanto o governo petista é a bagunça de sempre e Bolsonaro volta desinflado dos EUA, quem come pelas beiradas é Tarcísio de Freitas, o desconhecido governador de São Paulo. Precisamos conhecê-lo, trata-se de um político sem roupagem, só veste o manto da técnica. Um governador do mais rico e importante Estado do país que nunca tinha disputado uma eleição.
A escolha para o Ministério da Infraestrutura.
Bolsonaro escolheu um general para ocupar o Ministério da Infraestrutura tão logo foi eleito. O militar declinou do convite alegando motivos de saúde. Um segundo general rechaçou a oferta. Um genro de um terceiro general disse que tinha a pessoa certa e apresentou Tarcísio a Bolsonaro. Tarcísio tinha 47 anos e nenhum ano nos meios políticos. Um engenheiro civil forjado no exército que tinha aposentado. Tal como Bolsonaro, chegara à patente de capitão.
Um carioca que só conhecia SP pelos livros.
Tarcísio é carioca e flamenguista. Quando finalmente aceitou "a missão" de ser candidato do bolsonarismo a governador de SP, teve de ocupar todas suas noites estudando "a locomotiva do Brasil", o Estado que, se fosse um país, seria o 21 mais rico do mundo. Vexame maior passou por não saber sequer o nome da escola onde passaria a votar na capital paulista. Tratava-se de disputar a segunda eleição mais importante, somente atrás da presidencial. Descartou as vestes bolsonaristas. Apresentou-se como realmente é: um técnico, um bom gestor público, um tipo especializado em resolver problemas.
Tão longe, tão rapidamente.
Para muitos, sua vitória foi uma surpresa. Não foi para esta coluna. Vencer Haddad é tarefa para crianças, uma baba. Bolsonaro e muitos políticos disseram algo semelhante a Tarcísio. Ele insistia em sair candidato a senador por Goiás. Afinal, é um carioca que passou a vida inteira em Brasília, e lá pretendia continuar por mais oito anos.
Um governo pouco ideológico.
Como governador, formou um governo pouco ideológico, que engloba distintas tendências. Tomou medidas para aprovar o uso medicinal da cannabis, agradando os progressistas. Ao mesmo tempo, contentando a direita religiosa, declarou patrimônio cultural a "Marcha para Jesus", a maior festa evangélica brasileira. No seu giro europeu, procurando interessados em um menu de licitações e privatizações, afirmou que pouco importa aos pobres se o governador é de direita ou esquerda, o que querem são soluções. A melhor "carta de intenções" que vi em muitos anos.
Na esquina tinha um Chico Bento....
É habitual que os governadores de SP busquem a reeleição... ou a Presidência do Brasil. O futuro político desse engenheiro, que foge das polêmicas, está em boa medida vinculado a seu padrinho político. Tudo indica que Bolsonaro perderá seus direitos políticos, não poderá ser candidato a carto algum durante oito anos. Na política brasileira caras novos são inusuais. Tarcísio não é conhecido no país. O segue, bem de perto, outro governador, o de Minas Gerais, o empresário Romeu Zema, que não poderá pleitear novo mandato. Carinhosamente apelidado de Chico Bento por seus eleitores, por ter um forte sotaque de caipira, vive às turras com Bolsonaro, apesar de ser declaradamente conservador e adversário eterno do PT. O fato é que Chico Bento deve ser um dos únicos conservadores que não necessita do apoio de Bolsonaro, tem luz própria.