Três povos, três atitudes sexuais
Existirá o sexo tradicional no futuro próximo? O tratado de futurologia mais famoso - "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley - diz que não. O sexo tradicional tende a desaparecer no Japão. Mas é vivamente preservado pelos brasileiros, chamados de povos "mais carnais do mundo", por Vargas Llosa. Mas há a luta pela preservação de um costume pouco conhecido no Ocidente: os homens ruandenses são os mestres do orgasmo feminino. Futuro, presente e passado em choque. Três povos, três atitudes frente ao sexo.
Amor e sexo no Japão
A reportagem da Globonews é crua, talvez fosse cruel se estivesse tratando de uma novidade. Há anos o mundo passou a conhecer a apatia dos japoneses pelo amor e pelo sexo. Parece que o país do sol nascente não quer ver o nascimento de crianças. Pelo menos de crianças concebidas pelo pai e pela mãe. Que nasçam nos laboratórios, talvez pensem.
A reportagem traz um momento de estupor. Apresenta duas belas mulheres jovens. Elas parecem ter pele fina, são elegantes. Com elas um japonês de meia-idade. Ele as trata como "minhas meninas". Nada especial. A surpresa é que as duas beldades são de silicone. Quando questionado se fazia sexo com as bonecas de plástico, o japonês mostra-se surpreso, e responde: "Claro que sim". Para ele, isso é tão natural quanto perguntar a um brasileiro de meia-idade se ele faz sexo com sua companheira humana.
A reportagem parecia ficção científica, mas não era. Os japoneses vão a prostíbulos, mas não fazem sexo. Apenas descansam a cabeça no colo da mulher para saber o que sentem. Além de ter sexo, não há toque, não há beijo, entre um japonês e uma mulher. Por seu lado, as mulheres japonesas pagam homens para passear de mãos dadas.
O pior é que nem querem. Tanto homens como mulheres jovens afirmam que não desejam o casamento e filhos. Querem ter sucesso no trabalho. Falam em "síndrome do celibato". Os números dos apáticos com o sexo são elevados: 45% das mulheres, entre 16 e 24 anos, a época quando os hormônios estão explodindo no corpo para que ele tenha relação sexual, "desprezam o contato sexual". Isso mesmo, "desprezam", não toleram. A taxa é menor para os homens jovens - 25%. A maioria da população japonesa chega aos 25 anos sem nunca ter sentido o prazer sexual. Ou melhor, sem nunca ter sentido o prazer sexual a dois, pois praticam sexo, mas só admitem o sexo virtual.
Tudo começa e termina com sexo no Brasil
Os brasileiros mantêm o calor humano. Sabem e adoram beijar. Homens e mulheres, jovens e velhos. Abraçam-se, tocam-se, andam de mãos dadas. E claro, fazem sexo sem bonecas de silicone. Apesar de vivermos um dos piores momentos de nossa história, onde o desemprego estilhaça a vida de 14 milhões de brasileiros, ainda estamos vivos.
Parece difícil que o brasileiro se entusiasme com o "Admirável Mundo Novo", de Huxley, que parece sair das páginas de um livro e ganhar vida no Japão. O brasileiro, ainda que um dia possa ser chamado de povo obsoleto, continua preferindo crianças reais, nascidas do ventre do amor. Podemos nos assustar com toda essa gente que há três anos não sai do mundo da desgraça, mas não com o sexo ou afeto. Alguém dirá que o brasileiro de hoje ama com a mesma intensidade que odeia. É que o ódio pode ser a outra face do amor. As máquinas não odeiam, mas também não amam. Mas os brasileiros ainda têm muito a aprender com os ruandenses.
Água sagrada, os mestres da ejaculação feminina
Há uma tradição milenária em Ruanda, uma prática que começa a desaparecer, mas muitos lutam por mantê-la viva. Em Ruanda, não só os homens ejaculam, as mulheres também o fazem e essa é a verdadeira prova de que desfrutaram de uma relação sexual. Para os habitantes dessa parte da África, "que a mulher verta água", não é nenhum mito, nem fato isolado que ocorre com muito poucas. Tampouco é algo incontrolável, que eventualmente escapa no momento da ejaculação. É uma prática sexual ao alcance de todas, que requer muito exercício.
Se quando um casal faz amor e o homem não consegue "brotar água" na ejaculação da mulher, ele se sentirá frustrado e ela ofendida. Essa prática é chamada "kuniaza", que os homens mais velhos conhecem e vão passando às novas gerações. Da mesma forma que as mulheres que deixam a infância e entram na idade adulta. Reúnem-se com as mulheres mais velhas para iniciarem os exercícios de "gukuna", do pouco que se conhece é um estiramento dos lábios da vulva que realizam durante meses, acompanhados de preparados de ervas que são aplicadas nos genitais. Não se sabe como, mas o fato é que os ruandenses têm o costume de colocar os colchões para secar no varal, eles ficam excessivamente úmidos após uma noite com relação sexual. Eles chamam a ejaculação feminina de "água sagrada". Os ruandenses têm uma espécie de kama-sutra particular? Herdam uma forma diferente de fazer o amor? O prazer feminino é, de fato, um elemento de tamanha importância naquela sociedade?
É uma cultura sexual oposta à ocidental. A ocidental é, geralmente, mais individualista. Outra diferença importante, é a constatação de que os homens de Ruanda conversam, frequentemente, sobre o prazer feminino - e não o deles. Preocupam-se em satisfazer suas mulheres. A ultima diferença, está no fato de que os jovens - homens e mulheres - ficam impacientes por aprender essa técnica milenária.