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Em Pauta

Um verão com Maquiavel: sem violência e ingratidão.

Mário Sérgio Lorenzetto | 25/08/2023 08:15
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No mundo da política, entre os raros cultos, ninguém é tão citado como Maquiavel.....e tão pouco lido. Mas esse é um nome que só costuma emergir quando ruge a tormenta. Agora, uiva no Brasil a tempestade em forma de pactos inverossímeis, de blocos políticos, de toneladas de resistência. É hora de Maquiavel. Volta o pai do "Príncipe", esse SunTzu da política. Uma época em que os príncipes (e princesas) se pavoneiam e a vaidade do poder corta como a seda. Mas, quem foi Maquiavel?


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Menino pobre, mas leitor voraz.

Na Florença dos Medicis nasce, em 1.469, Nicolás. Um menino crescido na Casa dos Machiavelli, uma família modesta, que vive, sem fartura, das rendas de sua pequena terra. Ali não há dinheiro para universidade e nem para aulas de grego, condições obrigatórias para quem deseja viver junto com os poderosos. O humanismo terá de aprender por sua própria conta. Olhando. Observando. Lendo e copiando. No princípio era Lucrecio sua leitura primordial. Era um leitor voraz.


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Rasgar o véu das aparências.

Maquiavel também se fixa em observar tudo que acontece a seu redor. Principalmente Savonarola. O pregador que submete as massas e faz tremer poderosos com seus discursos apocalípticos. É a primeira carta de Maquiavel. Censura Savonarola afirmando que o frade maquia suas mentiras. Será seu grande tema: o costume político de ocultar o que se pensa. Maquiavel diz que há necessidade de "rasgar o véu das aparências".


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De principatibus.

Maquiavel, depois de muitas perseguições. Sairá com vida por muito pouco. Seu destino era o patíbulo. Vai ao exílio na zona rural e observa. Se levanta com o sol, caminha até o bosque, e vê o lenhador brigar com o açougueiro, o moleiro com o pastor. Disputas e mais disputas cotidianas. De todo isso, aprende. E escreve "De principatibus". Porque assim se intitulava sua obra original: "Dos principados". Um inventário das maneiras de governar. Hoje soa politicamente incorreto. Mas é a arte suprema da política para qualquer período da história.


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Violência? Ingratidão?

"É necessário - escreve Maquiavel - que todo príncipe que deseja manter-se aprenda a poder não ser bom e a usar ou não usar essa capacidade". Nada de violência inútil. Nada de crueldade descontrolada. São matizes que devem ser observados na leitura de Maquiavel. Saber dosar a própria força é condição para aquilo que é difícil: manter-se no poder. Chegar até ele não engendra nenhuma importância, pode ocorrer com ineptos e ignorantes. Essa "virtude" é o primeiro mandamento do bom governante. Organizar o conflito. Orquestrar o "dissensus". E aí onde Maquiavel introduz o recurso à ameaça tácita da violência. Não à violência. Ela só engendra ódios e é o preludio da queda. Apenas ameaçar, nunca utilizá-la. E vem o segundo mandamento: "os homens são, por natureza, ingratos". "Quando a miséria se aproxima, os demais se apartam".

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