Setembro: mês decisivo para as candidaturas
COMBINADO? As entrevistas e debates retiram os candidatos da área de conforto onde seus discursos não sofrem contestação. São ocasiões que permitem ao eleitor conhecer a fundo e melhor os postulantes e suas contradições entre a teoria e a pratica. Mas o importante é que o eleitor não deixe de se levar pelo emocional. Certo?
SEM PUDOR! O debate da TV. Bandeirantes mostrou um país órfão de líderes que possam conduzi-lo ao desejado porto seguro. Apenas acusações e promessas genéricas que não interferiram na polarização Bolsonaro e Lula como mostram as últimas pesquisas. Como se diz: esperamos sempre o melhor, mas temos que nos preparar para o pior.
O BOLSO: Mais uma vez a economia será o indicativo, o guia do eleitor na hora dele escolher seu candidato. Fará a velha comparação se a sua vida melhorou ou piorou e quais as chances reais de levar vantagem. Nos países abaixo da Linha do Equador os parâmetros de escolha dos governantes são mais imediatistas do que na Dinamarca por exemplo.
DÚVIDAS: Elas superam as certezas quanto aos nomes que deverão ir para o 2º turno nas eleições estaduais. Agora, com a propaganda, entrevistas, debates, a campanha vai ficando gradativamente efervescente. Setembro é o período mais importante, mês das decisões, de possíveis viradas e de fatos que possam influenciar na decisão de parte do eleitorado.
APOSTAS: Concentrar a campanha na capital, igrejas, entidades classistas, grandes empresas, visitar as feiras livres e intensificar a adesivagem de veículos (muito rejeitada) tende a ser a tática dos candidatos. Mas apesar do oba oba, as eleições ainda não lideram os assuntos no dia a dia. O futebol ainda é o prato preferido.
DO LEITOR: “A senadora do Bolsonaro’ – com esse slogan Soraya Thronick surfou na onda conservadora chegando ao Senado. Presidiu a Comissão de Agricultura, foi vice líder do Governo no Congresso. Na pandemia rompeu com Bolsonaro e hoje caminha em outra passarela. Sua trajetória foi meteórica, mas seu futuro é uma incógnita por conta de vários fatores.”
A PROPÓSITO: Bolsonaro e Lula no 2º turno. Quem a senadora apoiará? Ela irá consultar antes seu eleitorado? Seu futuro depende da formação de grupo político próprio e acerto com outras lideranças que disputarão as eleições municipais. Sua candidatura deu-lhe visibilidade nacional, mas não (por enquanto) a certeza de que ela se imporá como liderança proeminente no Estado.
MARCOS UCHOA: Ingênuo, pretensioso? Inútil a bagagem de 34 anos de repórter. Desistiu da candidatura a deputado federal por falta de estrutura e culpou o PSB. Diferente de viajar pelo exterior com passagens e hotéis reservados pela Globo. Sem a leitura certa da realidade política, onde o candidato tem que ir a luta sem salto alto. No caso não sei se ganhamos ou perdemos.
COM A BARRIGA: Mais um presidente da república frustra o nosso sonho de rever o trem de ferro nos trilhos da antiga Noroeste (Malha Oeste). A relicitação ficou para 2023. Se não bastasse, a novela da nova concessão da BR-163 também foi adiada. Decisões que afetam nossa economia. Como sempre, muitos interesses econômicos em jogo. Estamos perdendo a esperança.
BOQUINHAS: Os pretendentes a cargos de confiança (com mordomias e salários atraentes), pouco a pouco vão aparecendo nesta fase da campanha eleitoral. Eles não se manifestam claramente, mas através de opiniões e postura, fica evidente de que já contam com o ingresso no ‘reino encantado’ do poder público (estadual). Filme velho com novos atores.
PARA OU CONTINUA? Primeiro, é de se elogiar o nível da condução dos trabalhos da Assembleia Legislativa em plena pandemia. Mas nesta semana ouvi comentários de que alguns deputados (confiantes na reeleição) já defendem nos bastidores a ideia de que as sessões – também em 2023 – continuem no sistema ‘home office’. Convenhamos, sem a presença física dos parlamentares, as sessões perdem muito de seu brilho.
ELES DISSERAM: Gabeira (sobre Bolsonaro): “não é uma família, é uma agência imobiliária”. Bolsonaro: “ Por que fazem isso com minha família? ” Moro (sobre Lula): “Lula é tão culpado quanto o Eduardo Cunha”. Bolsonaro (sobre Lula): “tem ladrão que quer voltar à cena do crime”. Lula (para Soraya Thronicke): “A senhora não viu mudança, mas seu motorista e sua empregada doméstica viram”. Ciro Gomes (para Bolsonaro): “você corrompeu suas ex-esposas e seus filhos”. Bolsonaro: “qual o problema de comprar imóvel com dinheiro vivo? ” Ciro: “O que eu estou falando é que o Lula perdeu a capacidade moral de enfrentar o Bolsonaro e a direita sanguinária no Brasil. Bolsonaro: “Então todo mundo fazia mal feito, todo mundo roubava e só o ex-presidente não sabia? ”
‘NENHUM DELES!' Essa foi a resposta direta, sem rodeios do candidato Puccinelli (MDB) a minha pergunta (na entrevista à FM Cidade) – “se algum dos nomes envolvidos em casos de corrupção no seu último governo, e que acabaram presos inclusive, voltariam para participarem de seu eventual futuro governo”.
“CLIMÃO”: Eleita senadora pelas mãos de Puccinelli, Simone Tebet distanciou-se do ex-governador e sem ambiente no diretório estadual não viabilizou sua reeleição. Posto isso, perguntei-lhe na entrevista, qual sua postura em relação à candidatura presidencial de Simone. Ao seu estilo arrematou: “simplesmente ignorando”. Aliás, a futura votação dela aqui no MS já motiva curiosidade.
SAUDADES? Após 5 mandatos consecutivos, presidente da CCJR por 10 anos, o ex-deputado Antônio C. Arroyo perdeu em 2015 a indicação para a vaga do Tribunal de Contas num episódio conturbado. Agora aos 69 anos de idade ele é visto acompanhando o candidato Puccinelli como denunciam imagens no facebook. Teria batido aquela saudade do poder?
JUSTIÇA: O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) sem motivos para reclamar do mês de agosto. Se não bastassem os números positivos de sua administração, inaugurando obras e lançando outras tantas, veio a decisão do Superior Tribunal de Justiça que acatou o parecer do Ministério Público Federal mandando arquivar inquérito sobre suposto roubo de propina cujo alvo principal era o governador.
MINAS GERAIS: 2º maior colégio eleitoral. Divide com Rio, São Paulo, MS, Espírito Santo e Goiás. Reza a tradição; para ganhar a eleição presidencial é preciso vencer lá. A exceção foi Getúlio Vargas (1950) perdendo para Eduardo Gomes. Sempre perto do poder, de José Bonifácio a Tancredo Neves. Não por acaso Bolsonaro e Lula estão concentrando esforços em solo mineiro.
REPRISE: Eles estão na telinha do horário eleitoral em busca de votos. Para chamar a atenção candidatos usam de diversos artifícios: humor de mau gosto, figuras ridículas, sátiras, trocadilhos, propostas inviáveis e sobrenomes e apelidos hilários que saturam o telespectador. Talvez um dia tenhamos mecanismos legais para coibir tantos excessos.
CANADÁ: O sistema eleitoral lembra o modelo inglês. A idade mínima é de 18 anos. As cédulas eleitorais são contadas manualmente. Vota-se apenas com comprovante de endereço e documento de identidade. O voto pelo correio é permitido. Detalhe que faz a diferença: a verba que o candidato pode gastar é proporcional ao número de eleitores de seu distrito eleitoral. Diferente da farra permitida aqui.
NA INTERNET:
É o que sempre digo: estas eleições com mais de um candidato sempre dão problema (Kim Jong-un) (Coréia do Norte).