Quando o PT sairá do Governo do PSDB?
OPORTUNA: Assim pode ser classificada a pergunta do título acima. Nos bastidores
da Assembleia, o assunto ganha espaço a cada semana que passa. O que até era evitado,
passou a ser abordado por deputados da base aliada. Eles admitem certo desconforto
crescente devido a presença efetiva do PT na administração do PSDB.
RAZÕES: Argumentam que essa convivência seria incoerente do ponto de vista
ideológico e partidário. Aliás já se nota questionamentos pela cessão de espaços
administrativos ao PT, que poderiam sim estar sendo ocupados pelos partidários e
aliados da atual gestão que defende princípios antagônicos dos petistas.
DESEMBARQUE: “Quando o PT vai desembarcar do Governo? ” Foi a pergunta que
fiz na quarta-feira ao deputado Zeca do PT. Ele apenas sorriu sem nada dizer. Sua
postura sinaliza a tática de se ganhar tempo enquanto aguarda a decisão de Brasília
sobre a sucessão presidencial. Neste interregno o PT desfruta das benesses do poder
BOM NEGÓCIO: “O que efetivamente o PT retribui pela sua participação na gestão
com dezenas de cargos e vantagens políticas?” O desabafo do parlamentar aliado, foi
complementado por ele próprio com a frase irônica: “Seria a compensação pela postura
e manifestações de apoio dos petistas sobre a gestão tucana? ”
COMPLICADO: Ciente do tradicional voto conservador no Mato Grosso do Sul, o PT
vai municiar suas lideranças para o enfrentamento nacional, onde o governador Riedel
estará no lado oposto. Desta forma, essa convivência PT-PSDB vai sendo vista como
uma incongruência política. Governo, precisa sim administrar tendo adversário.
FUTURO: Candidato em 2026, Riedel tem identificação e apoio do eleitor anti-PT,
conservador, do centro, Bolsonarista. Apesar da formação técnica, seu discurso não
poderá negar suas ideias liberais, da defesa do direito de propriedade, da livre iniciativa.
Seus aliados e partidários exigirão posições firmes e definidas, pois ele é visto como
liderança nacional de resistência ao PT.
UNANIMIDADE: Ela não é aconselhável em todos segmentos ou situações onde o ser
humano se faz presente. O jornalista Nelson Rodrigues deixou aquela frase que não
esquecemos. Mas na política, é essencial que se tenha críticos e adversários. A crítica é
fator motivacional para aperfeiçoamento de nossa conduta social e política.
BONZINHO: Personagem que não prospera na política. O imperador Pedro II era tido
como bonzinho e acabou tirado da cama e colocado num navio rumo a Portugal. Se
você listar os grandes personagens da história-política da humanidade, encontrará na
maioria deles o registro de embates contra adversários e inimigos, de matar e morrer.
Não há heróis sem adversários.
LEMBRANÇAS: O passado nos ensina coerência política. Nos tempos da UDN e
PSD só os vitoriosos tinham direito as benesses. Wilson B. Martins, por exemplo,
seguiu a receita de Fernando C. da Costa: os adversários tinham que se conformar para
a ‘quarentena’ de vacas magras. Não era ódio. Apenas uma pratica natural.
RESUMINDO: A medida que a sucessão nacional se definir com Lula candidato, o
Governo Estadual efetivará o desmonte da parceria com o PT. Enquanto isso os deputados petistas aproveitam: se ‘pegam leve’ nas críticas ao Governo Estadual, pegam
pesado ao exaltarem o Governo Lula, com comparações ao Governo Bolsonaro. O pior:
poucas vezes os parlamentares governistas rebatem essas colocações.
RODOLFO NOGUEIRA: Antes alvo de previsões céticas quanto ao seu potencial,
agora ganha elogios pela fidelidade e postura partidária que lhe proporciona ganho de
espaço. Ele, eleito (32 a favor e 2 em branco) presidente da poderosa Comissão de
Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural. Político tem que ter
posição.
CONSEQUÊNCIAS: Primeiro foi a boa articulação que garantiu a eleição de Gianni
Nogueira ao cargo de vice-prefeita de Dourados. Agora vem do próprio Bolsonaro a
confirmação do nome dela como candidata ao Senado pelo PL com apoio das mais
expressivas lideranças do Pl. Já se pergunta: ela repetirá o feito de Soraya
Thronicke?
POLÊMICA: Decisão judicial abriu espaço para a suplente Glaucia Iunes (PDT), pedir
a vaga do deputado Lucas de Lima por infidelidade partidária. Lucas teria deixado o
PDT amparado na decisão do TRE-MS, mas que foi reformada pelo TSE. A ação dela
se baseia no princípio de que o mandato dele é do PDT. Lucas recorreu da decisão.
Fortes emoções. Haja Lexotan!
INDEFINIÇÕES: Para chegar ao poder é preciso antes escolher o caminho certo. É
esse princípio que está ‘martelando’ a cachola de vários políticos com vistas a 2026.
Qual o rumo ideal? PL, PSD, Podemos ou Republicanos? Esse conglomerado de opções
parece ter tempo certo para o quadro definitivo. Só namoro por enquanto. Nada sério.
VEJAMOS: O ex-governador Reinaldo lidera pesquisa da ‘Ranking’ mas isso não
basta. Ele espia as articulações partidárias nacionais para prever as consequências no
MS. Parceiro de Tereza Cristina, ele sabe que precisa retribuir aquele apoio dado por
Bolsonaro ao Beto Pereira. E como conviver com o deputado João Catan, bolsonarista
raiz, crítico do Governo Riedel?
PESQUISA: Igual a horóscopo. Você pode desconfiar, mas vale dar uma conferida. O
quadro da ‘Ranking’ mostra Riedel aprovado e para o Senado traz o deputado Gerson
Claro como novidade. Mesmo atrás de Reinaldo e Nelsinho, Gerson supera nomes,
inclusive a senadora Soraya Thronicke. Sobre isso, Gerson vem se portando bem: nem
sim, nem não, talvez.
COERÊNCIA: Em 2024 a postura do eleitorado petista no 2º turno teria derrotado
Rose Modesto. Mesmo ciente dos riscos de perder ela não se aproximou do PT e nem
fez acenos. Agora, com espaço atuante no Senado, ela já vista como uma das possíveis
mais votadas para a Câmara Federal. Além disso, tem a simpatia do Governador Riedel.
JUSTIÇA: Quando vejo um punhado de políticos de cores diferentes tentando pegar
carona na ponte da Rota Bioceânica no rio Paraguai, lembro do papel fundamental de
Carlos Marun. Como ministro do Governo Temer e Conselheiro da Itaipu, Marun foi o
grande articulador para viabilizar os recursos. Ninguém pode tirar esse mérito dele.
SINAIS: Pela fala do deputado Vander Loubet, o PT trabalha com a projeto de contar
com o MDB nacionalmente e por consequência garantindo espaço para a ministra Simone Tebet no cenário local. ‘Data Venia’, pelos nomes já postos, seria uma aposta
difícil. Ela e a senadora Soraya Thronicke, ficaram estigmatizadas junto ao eleitorado.