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Saúde Viva

O momento em que a morte chega

Por Anaísa Banhara (*) | 10/04/2024 13:48

Manuella morreu.

Lutamos, lutamos, lutamos, a vida dela escapou por nossas mãos e foi para as mãos do Altíssimo.

Manuella morreu com apenas 10 meses de idade.

Manuella tinha Ame tipo 1 e estava com a liminar dos sonhos nas mãos. Tínhamos em seu favor uma decisão que determinava que a União fornecesse o medicamento mais caro do mundo, o tal ZOLGENSMA, cerca de 7 milhões de reais. ÚNICO medicamento que podia salvar a sua vida.

Manuella morreu.

Manuella morava em Rio Branc/ACRE. Filha de Isabel, sobrinha de Desidéria. Filha de uma família humilde, de uma mãe muito jovem e abandonada. Abandonada pelo pai da criança, abandonada pelos políticos, abandonadas pela gestão pública de recursos, abandonada pela sociedade. Isabel, mais uma indigente rara que só queria o mínimo: salvar a vida de sua filha.

Isabel morreu.

Isabel morreu junto com Manuella.

A decisão demorou para sair, o cumprimento não veio a tempo. O judiciário não foi capaz de salvar a vida da Manu. Nós, advogadas, não fomos capazes de salvar a vida da Manu. A mãe não foi, a tia não foi. NINGUÉM foi..

Os políticos locais prometeram e prometeram e prometeram e mentiram, claro.

Manuella morreu.

Isabel morreu.

A Esperança morreu.

Sabemos, de fato, que Manu está do lado do Pai, mas isso jamais será justificativa para abaixarmos a cabeça e aceitarmos a demora, o desleixo e a inescrupulosidade do poder público frente a uma ordem judicial de fornecimento de medicação.

A Manuella morreu.

A Isabel morreu.

A luta pelo melhor tratamento jamais morrerá.

Anaísa Banhara

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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