Com relato de vazamento de prova, seleção de professores é questionada
Desorganização da banca, celular tocando e foto do caderno de questões são as reclamações sobre o concurso
Antes mesmo do fim de três horas de prova e com a proibição de sair da sala portando o caderno de questões, o Campo Grande News recebeu através do canal Direto das Ruas capturas de tela de conversas em grupo, denunciando suposto vazamento de prova relacionada ao processo seletivo para cadastro reserva de docentes temporários da SED (Secretária de Estado de Educação), realizado neste domingo (17).
Conforme o edital, não era permitido ao candidato retirar-se do local de aplicação das provas, a qualquer tempo, portando o caderno de questões, "de modo que será fornecida pelo Instituto Avalia folha específica para rascunho, na qual o candidato poderá anotar, manualmente, as alternativas marcadas na respectiva folha de respostas, permitindo sua posterior conferência a partir do gabarito oficial preliminar da prova escrita objetiva".
Segundo denúncia enviada ao Campo Grande News, imagens vazaram apontando que as provas foram digitalizadas por um aplicativo de celular e enviadas para grupos de WhatsApp.
O secretário estadual de Educação, Hélio Daher, lamentou o ocorrido, levando em consideração que se trata de um processo seletivo de professores. “Não é legal quando as pessoas deixam de respeitar as regras em uma prova para professores”, disse.
Uma pessoa que preferiu não se identificar enviou prints de conversas com várias denúncias sobre desorganização da banca, falta de informações, celulares tocando no meio da prova e até mesmo com a prova digitalizada. O receio é de que quem tenha escaneado a prova possa ter acessado a internet para responder as questões.
“A prova termina às 17h15 como que já estão disponibilizando escaneada? Quem teve acesso para escanear talvez teve acesso para pesquisar as respostas”, relata.
A denúncia questiona a segurança e idoneidade do processo. “Que segurança temos nesse processo? Muitos professores tiram o sustento da família, através do trabalho e dependem desse processo seletivo”, disse outra pessoa.
Candidata que também prefere não se identificar está revoltada com a desorganização. “Olá! Acabei de sair da prova do município, não podemos levar a prova, porém já postaram a prova em grupos para professores, no edital diz que não pode levar a prova para casa, apenas o gabarito. A avaliação não terminou e a prova não está no site, ou alguém levou a prova ou é falcatrua”, declarou.
Segue a digitalização da prova enviada através do Direto das Ruas:
De acordo com o secretário, mais de 38 mil pessoas se inscreveram no estado todo, e as vagas serão preenchidas quando o processo de matrícula dos alunos terminar e posteriormente o levantamento de turmas e lotação de efetivos.
“É um processo que seleciona para um banco reserva, eles serão chamados após o processo de matrícula que define quantos estudantes nós temos na rede, quantas turmas vão ser necessárias para serem abertas para o ano eletivo de 24. Então no final de janeiro a gente terá um relatório pronto de quantas turmas nós teremos. Na primeira semana de fevereiro quando os efetivos voltarem de férias, eles são lotados. O saldo de turmas não preenchidas por efetivos é que são preenchidas por servidores convocados”, explicou Daher.
A reportagem entrou em contato com assessoria de comunicação da SAD (Secretaria de Administração), organizadora do processo seletivo, porém até o momento da publicação da matéria, foi enviada uma resposta apenas sobre o celular que tocou durante a prova. "A coordenação está no local e informou que o candidato foi retirado da sala e será eliminado do certame".
Já sobre a falta de ventiladores diante do "calorão", uso de aparelhos celulares e garrafas coloridas, o governo de Mato Grosso do Sul informou "que vai apurar, junto ao instituto responsável pela realização das provas, todas as denúncias, e, havendo eventual comprovação de irregularidades, tomará medidas cabíveis".
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