Sem previsão para regularização do estoque, pais sofrem em busca de vacinas
Atualmente, os postos estão oferecendo a tríplice viral contra sarampo, rubéola e caxumba, mais a de imunização contra varicela
A vacina pentavalente está em falta nos postos de saúde de Campo Grande. A informação foi divulgada pelos pais que estão percorrendo várias unidades em uma tentativa de imunizar as crianças contra meningite, tétano, difteria, coqueluche e hepatite B.
Um destes pais, o pecuarista Gabriel Nunes, de 36 anos, conta ter percorrido ao menos três postos desde a semana passada. Dentre eles, o do bairro Tiradentes e Guaicurus. Segundo ele, a resposta é sempre a mesma.“Me disseram que as vacinas estão em falta há dois meses e não tem previsão para normalizar”, lamentou.
Nunes decidiu recorrer a uma clínica particular para garantir a imunização do filho de dois meses. A dose mais barata encontrada por ele custa R$ 360. “Vou ter que pagar para não deixar ele sem. Não tem o que fazer”, disse.
A vacina - Conforme as informações do Ministério da Saúde, a vacina pentavalente é a combinação de cinco vacinas individuais em uma. As crianças devem tomar as doses aos 2, aos 4 e aos 6 meses de vida.
A vacina pentavalente garante a proteção contra a difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo b, responsável por infecções no nariz, meninge e na garganta.
Distribuição - Não existe laboratório produtor da vacina no Brasil em que a demanda é de 800 mil doses mensais. O abastecimento está parcialmente suspenso desde julho deste ano porque alguns lotes foram reprovados no teste de qualidade do INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde) e análise da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
As doses são adquiridas via Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde já solicitou a reposição do fornecimento à Opas. No entanto, não há disponibilidade imediata da vacina pentavalente no mundo. A compra de 6,6 milhões de doses começou a chegar de forma escalonada em agosto no Brasil. A previsão é que o abastecimento volte à normalidade a partir deste mês.
A promessa do Ministério da Saúde é fazer uma busca pelas crianças que completaram dois, quatro ou seis meses de idade entre os meses de agosto e novembro para vaciná-las assim que o estoque for regularizado.
Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) reforçou que “a vacina DTP está em falta em todo o país por falta de matéria prima para a produção da mesma, ainda sem previsão para a regularização dos estoques ocorrendo a falta do imunobiológico nas unidades”.
Ainda segundo a Sesau, “a falta da tetra viral é pontual, mesmo assim a criança não fica sem a imunização, uma vez que essa dose pode ser substituída pela tríplice viral (que protege contra sarampo, rubéola e caxumba) + varicela, que tem o mesmo efeito imunológico”.
A reportagem também questionou a Sesau sobre o estoque da tríplice viral. Segundo a assessoria, há doses suficientes no estoque. Podem ocorrer faltas pontuais nas unidades, mas quando isto ocorre as vacinas são repostas o mais rápido possível.