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Economia

Aluguel caro e movimento fraco continuam a fechar lojas no Centro

Mudança no consumo do consumidor tem criado regiões abandonadas na região central

Ricardo Campos Jr. | 10/07/2017 06:53
Imóvel fechado na Dom Aquino perto da esquina com a 14 de Julho( Foto: Ricardo Campos Jr.)
Imóvel fechado na Dom Aquino perto da esquina com a 14 de Julho( Foto: Ricardo Campos Jr.)

O alto custo do aluguel e a queda no movimento de clientes tornam praticamente impossível a sobrevivência de uma loja no Centro da Capital. Levantamento feito pelo Campo Grande News identificou 65 imóveis comerciais fechados em trechos de algumas das principais ruas da região, mostrando que alguns pontos estão, aos poucos, sendo esquecidos pelo público.

Na Rui Barbosa, por exemplo, são pelo menos 20 estabelecimentos lacrados entre os cruzamentos com as ruas 26 de Agosto e Maracaju. Resistem na via principalmente lojas de tecidos e lanchonetes.

Marca famosa: Bumerang da Rua 14 de Julho na lista das lojas fechadas (Foto: Ricardo Campos Jr.)
Marca famosa: Bumerang da Rua 14 de Julho na lista das lojas fechadas (Foto: Ricardo Campos Jr.)

Já a Calógeras, onde Campo Grande praticamente começou, hoje está abandonada. Entre a Maracaju e a Barão do Rio Branco, são 17 lojas que encerraram suas atividades nos últimos tempos.

A Rua 14 de Julho, entre a 15 de Novembro e a Maracaju, tem oito imóveis comerciais fechados. A via é praticamente o coração do Centro e concentra grande parte do movimento, mas segundo lojistas ouvidos pela reportagem, também tem os maiores preços de aluguéis.

Na 13 de Maio, entre a Maracaju e a 15 de Novembro, e a 26 de Agosto entre a Calógeras e a Rui Barbosa são pelo menos cinco estabelecimentos fechados.

Resistentes - Alguns estabelecimentos apresentam placas indicando que o sonho dos empresários ainda não foi colocado por terra e que eles mudaram de endereço. Comerciantes ouvidos pelo Campo Grande News afirmam que o aluguel dos espaços na região sai, no mínimo, por R$ 5 mil, aumentando dependendo da localização.

Vários reclamam que vários donos de imóveis moram em outros estados e têm outras fontes de lucro, de modo que eles preferem ter um espaço fechado a abaixar o valor cobrado aos lojistas. Com isso, o custo é repassado ao cliente.

“O dinheiro parece não estar circulando”, disse a comerciante Kethlyn Nayara Alvarenga, 24 anos. Ela trabalha em um pequeno estabelecimento que vende capas, películas e assessórios para celular ao lado de um imóvel vazio.

Ela aponta a queda no movimento, além da crise, à falta de estrutura na região. “É difícil achar vagas para estacionar e o parquímetro ainda vai subir. A maioria das vagas são ocupadas pelos próprios lojistas quando chegam cedo”, afirma a jovem.

O dono do estabelecimento paga R$ 5,6 mil de aluguel por mês, “até que não tá caro”, avalia a vendedora. Segundo ela, alguns pontos na 14, onde mais pessoas transitam, são bem mais caros.

Mohamed Nagib Hijazi, 39 anos, tem uma loja de roupas e produtos infantis também na Dom Aquino. O estabelecimento ficava antes dentro do Shopping Pantanal, que fechou metade dos estandes, forçando vários comerciantes a mudarem os comércios.

“Muitas lojas dentro do shopping foram fechando e o dono desistiu do empreendimento”, afirma. Ele afirma que o preço cobrado pelos senhorios nesse tipo de ambiente costuma ser menor. “Aqui fora o custo do aluguel está bem puxado”, sem informar quanto ele arca por mês com o ponto.

Ele também culpa a crise e a falta de estrutura na região como causas do problema. “O principal é a falta de vagas para estacionar e a segurança, aqui não tem muita polícia”, afirma.

Outro imóvel fechado na Dom Aquino (Foto: Ricardo Campos Jr.)
Outro imóvel fechado na Dom Aquino (Foto: Ricardo Campos Jr.)

Dados – Pesquisa feita pela ACICG em março (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande) identificou 200 estabelecimentos comerciais fechados. A área compreendida pela pesquisa vai do quadrilátero formado pelas avenidas Calógeras, Fernando Corrêa da Costa e Mato Grosso, além da rua Rui Barbosa.

Segundo a entidade, o número pode ser ainda maior se levado em consideração os prédios com salas comerciais, que não foram contabilizados no estudo, realizado entre fevereiro e o começo de março.

João Carlos Polidoro, presidente da associação, disse ao Campo Grande News que a quantidade de empresas fechadas na região aumentou, embora ele não disponha de uma pesquisa mais recente que ateste essa situação.

“O movimento tem demonstrado uma estabilidade nessa região, mas o resultado nesse momento não está gerando faturamento. Temos visto isso no decorrer do ano. Ele está estável, mas não está gerando renda. As pessoas estão mais passeando do que comprando. Percebemos que isso não está gerando negócio. Circulação de pessoas não está gerando negócio.

Sobre a estrutura física, Polidoro afirma não existe um, mas vários problemas que contribuem como um todo para o problema.

“O estacionamento, por exemplo, tem sua parcela, mas não é só isso. Se não houver algo que atraia esse público novamente vai acabar piorando. Isso tira as pessoas do Centro. O campo-grandense mora na periferia e vem de carro e moto à região. Temos déficit de vagas e precisamos melhorar essa questão. A sujeira e outras coisas também acabam afastando as pessoas, que acabam indo para outros centros de compra”, completa.

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