Após apagão que deixou 19 mil sem luz, Enersul diz que sistema vai bem
Empresa afirma que tem um dos mais baixos índices de falta de energia no País
No último sábado, 19 mil moradores de Campo Grande ficaram sem energia por 47 minutos, após um problema na subestação que faz a distribuição para a região central, localizada na avenida Ernesto Geisel. A interrupção, mesmo que localizada, chamou a atenção para um fantasma que ainda persegue os clientes do setor elétrico, o medo de, de repente, ficar por horas sem o insumo básico para a economia da cidade e a vida das pessoas.
“Falta de luz prejudica toda a economia e é uma preocupação constante”, define o presidente do Conselho dos Consumidores da Enersul, empresa que abastece 73 dos 78 municípios de Mato Grosso do Sul, o presidente Fecomércio (Federação do Comércio de MS), Edison Araújo
De acordo com ele, a entidade acompanha as informações sobre interrupções e recebe relatórios frequentes da Enersul. O problema ocorrido no sábado, conforme a empresa, foi resolvido em 14 minutos para 60% dos consumidores atingidos.
A empresa diz que o risco de apagões como os que ocorreram em anos anteriores inexiste e afirma que, entre as concessionárias do setor tem um dos melhores índices de qualidade no fornecimento de energia elétrica.
O dado mais recente, do ano passado, mostra que a empresa ficou abaixo do limite estabelecido pela Aneel ( Agência Nacional de Energia Elétrica) para as interrupções do fornecimento. São dois referenciais, o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidor) indica o tempo de duração, por unidade consumidora, das interrupções, e o FEC (Freqüência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora).
O DEC da Enersul no ano passado foi de 10, ou seja, 10 horas contabilizadas de falta de energia, o menor valor entre as empresas do Centro-Oeste. Já o FEC foi de 7, o que significa que, em média, cada unidade consumidora registrou falta de energia em 7 ocasiões. Esse índice é também o menor das empresas do setor no Centro-Oeste.
“Temos índices mais baixos, inclusive, do que a capital federal, Brasília, onde a rede é subterrânea e não há risco de árvores, ou até animais, atrapalharem a distribuição”, afirma o diretor de Operações da Enersul, Edmir Bosso.
Ele diz que o fator tempo conta muito e, este ano, o primeiro trimestre foi bastante complicado em Mato Grosso do Sul, por causa das chuvas intensas, muitas vezes acompanhadas de raio.
Bosso afirma que os índices só fechados agora em dezembro. O limite da empresa este ano é de DEC de 14,73 de DEC e 12,34 de FEC, como estabeleceu a Aneel.
Proteção e não problema - Indagado sobre as reclamações de clientes sobre oscilações na corrente elétrica, o diretor de Operações diz que elas, na verdade, são uma proteção do sistema para evitar problemas maiores.
Ele explicou que isso ocorre graças à atuação dos religadores, peças existentes nas estações de distribuição de energia. Quando um problema é identificado na rede, afirma, essa peça age como uma espécie de defesa, desligando automaticamente o sistema.
O religador, segundo a explicação dos técnicos da Enersul, faz “testes” por três vezes para tentar ao funcionamento normal e se o problema continua sendo identificado, o equipamento deixa de tentar fazer uma nova ligação do sistema e o centro que controla o funcionamento da rede é acionado para corrigir o problema.
O diretor afirma que o sistema que abastece Mato Grosso do Sul, que tem como principais fontes as usinas de Jupiá e Sérgio Motta, está trabalhando dentro da capacidade, tanto que a usina termelétrica Willian Arjona, não está sendo acionada pelo NOS (Operador do Sistema Nacional).
A Enersul tem 810 mil clientes em Mato Grosso do Sul e, conforme o diretor, fez investimentos de R$ 1,6 bilhão desde que foi privatizada, em 1998.