Arauco espera ter 80% das áreas para florestas já em 2024
A empresa deverá contar com 400 mil hectares de florestas de eucalipto para produzir celulose
A empresa chilena Arauco espera alcançar até o final do ano que vem a meta de ter disponível 80% dos cerca de 400 mil hectares que precisará para o plantio de florestas para a plena operação da fábrica de celulose que vai construir em Inocência, região nordeste de Mato Grosso do Sul. O CEO da empresa, Carlos Altimiras, veio a Campo Grande e deu detalhes do projeto, que tem investimentos estimados em R$ 28,5 bilhões, um dos maiores do País.
Conforme Altimiras, a empresa terá que contar com áreas arrendadas ou mediante usufruto, uma vez que é estrangeira e, nessa condição, há impedimento legal para aquisição de propriedades. O executivo informou que já estão assegurados 280 mil hectares e a previsão é chegar a 320 mil durante 2024.
A empresa já vem cultivando florestas de eucalipto em Mato Grosso do Sul, com cerca de 80 mil hectares plantados esse ano e expectativa de expandir mais 60 mil em 2024. Até para poder contar com a matéria prima para produzir a celulose é que o planejamento da Arauco é ativar a unidade em 2028. A empresa ainda está na fase de licenciamento, com expectativa de iniciar as obras da fábrica em 2025, em uma área a 35 quilômetros da cidade.
O empreendimento deverá ter cerca de 10 mil pessoas envolvidas com a obra em seu auge, segundo constou no Rima (Relatório de Impacto Ambiental). Para a produção, devem ser cerca de 1.070 pessoas. Na fábrica, serão produzidas 5 toneladas de celulose, com previsão de emprego de 10,5 toneladas de eucalipto para cada linha de produção.
Altimiras explicou que a produção de celulose no Brasil é mais vantajosa que no Chile, pelas próprias condições climáticas e geográficas (uma floresta fica pronta em metade do tempo que naquele País), além da estrutura de engenharia ser mais simples, diante do risco de terremotos no Chile e o custo dos riscos nas obras. Segundo ele, entre os fatores que levaram Mato Grosso do Sul a ser escolhido como a melhor opção para o empreendimento estão a localização e distâncias, a logística de transporte e o solo.
Ele explicou que a empresa faz suas previsões com um olhar de longo prazo, especialmente porque o eucalipto demora em média sete anos para poder ser cortado. Altimiras destacou a sustentabilidade da produção de celulose, que pode ser utilizada para produção de papel, embalagens e tecido, por exemplo, comparando-a aos concorrentes, o plástico e poliéster, produtos derivados de material fóssil. Ele mencionou que a empresa procura empregar as melhores tecnologias para poluir menos. Em Inocência, a fábrica ficará perto do Rio Sucuriú, inclusive é o nome do empreendimento, de onde será retirada a água e depois liberados os rejeitos, após processo de tratamento.
O executivo e o gerente de Relações Institucionais e ESG, Theófilo Militão, destacaram, na apresentação feita a jornalistas, a política da empresa de se envolver com a comunidade local, promovendo escutas, aproveitando a mão-de-obra e empresas locais e a manutenção de uma agenda institucional com as autoridades. Eles informaram que a empresa contratou recentemente uma consultoria para que avalie as transformações que o empreendimento produzirá não apenas em Inocência, que tem pouco mais de 8 mil habitantes e pode saltar da 48º posição para ficar entre as dez maiores economias do Estado, mas na região.