Caixa pode vetar acordo e Governo levar Enersul a venda pela 2ª vez
A compra do Grupo Rede, pela CPFL e Equatorial, pode não ser concretizada e o governo federal então declarar a caducidade do contrato com a distribuidora. Nesta hipótese, a Enersul (Empresa Energética de Mato Grosso do Sul), uma das oito concessionárias sob o comando do grupo, poderia voltar para a União. Isso levaria a empresa a novo leilão para repassa-la a outro dono (o quarto na história da empresa após a privatização nos anos 90).
O risco existe porque a Caixa Econômica Federal ainda não aceitou converter as ações de 25% no grupo, em decorrência do empréstimo de R$ 600 milhões (corrigido, o montante já atinge R$ 712 milhões), em dívidas. A CPFL e Equatorial querem obrigar os credores a dar desconto sobre a dívida, para reduzir o montante de R$ 6 bilhões para R$ 3,4 bilhões, segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo deste domingo.
A Caixa usou recursos do FI-FGTS, fundo de investimento com recursos dos trabalhadores, para socorrer o grupo controlado pelo empresárioJorge Queiroz Moraes Junior, que continua com 59%.
As interessadas prometem investir de R$ 1,8 bilhão para pôr fim à intervenção. Uma outra condição é o acerto com os credores. O grupo então fez a primeira proposta, de pagamento à vista, com descontos de 85%, ou 35% a prazo, além do parcelamento em até 40 anos para quem não aceitasse dar desconto.
Segundo reportagem de hoje do jornal Folha de São Paulo, o temor era que a Caixa não aceitasse o acordo, o que inviabilizaria a negociação com a CPFL e a Equatorial, que têm interesse em assumir o comando do grupo.
Como as negociações com a Caixa travaram, a segunda opção foi oferecer a conversão da dívida em ações. A Caixa poderia, sozinha, melar o plano de recuperação judicial da concessionária e Equatorial e CPFL desistiriam da compra. Sem negócio, a Aneel poderia devolver a concessão para a União.
O período de intervenção na Enersul vai até setembro. Desde o início a venda da empresa do Grupo Rede Energia para a Equatorial Energia e CPFL foi confirmada ao mercado, com a transição por um valor simbólico de R$ 1.
História - A concessionária atende 73 municípios e 845,3 mil unidades consumidoras em Mato Grosso do Sul. Se a transação com a CPFL e Equatorial não vingar, a Aneel pode retomar a concessão das distribuidoras e realizar novo leilão.
Nesta hipótese, a Enersul, vendida pelo Governo pela primeira vez em 1997, pode ir a novo leilão.
A primeira empresa a assumir a controle da concessionária, criada em 1979 junto com o estado de Mato Grosso do Sul, foi a Escelsa (do Espírito Santo).
Em 2003, a empresa foi vendida para o grupo português EDP. Em 2008, a multinacional portuguesa repassou o comando da concessionária para o Grupo Rede. O quarto dono da empresa será a holding formada pela CPFL e Equatorial.