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Economia

Cobrança por bagagem não garante redução no preço da passagem

Operadora Gol manifestou que não deve reduzir valor dos bilhetes devido a nova taxa, que inicia em 14 de março

Elci Holsback | 28/02/2017 17:17
Mudança inicia em 14 de março (Foto: Marcos Ermínio)
Mudança inicia em 14 de março (Foto: Marcos Ermínio)

Está previsto para 14 de março o início da cobrança pelo transporte de bagagens pelas companhias aéreas no Brasil, quando entra em vigor a nova norma da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Mas, o pagamento pela bagagem não garante redução no valor das passagens.

Em entrevista ao Estadão, o presidente da companhia Gol, Paulo Kakinoff, afirmou que é certo que a tarifa para quem viajar sem mala será menor do que o preço pago por quem despachar bagagem. O executivo disse, porém, que não há projeção de redução de preço por parte da Gol.

“O consumidor não vai comparar meu preço antes e depois da regra. Vai comparar o meu preço com o do meu competidor no dia em que quiser viajar”, destacou. Kakinoff acrescentou ainda, que as tarifas aéreas são dinâmicas, variando conforme procura, data da viagem e câmbio, já que cerca de 50% dos custos do setor estão atrelados ao dólar.

A nova regra da Anac atende a uma demanda antiga do setor aéreo, que defendia o fim da franquia de bagagem gratuita, de até 23 kg por passageiro nos voos nacionais, com o argumento de aproximar as normas brasileiras aos padrões internacionais. Atualmente, apenas Venezuela, Rússia e México também exigem que as companhias aéreas transportem pelo menos uma mala sem cobrar, segundo a própria agência reguladora.

Para Kakinoff, o fim da franquia deverá aumentar a concorrência entre as companhias aéreas, o que poderá acabar beneficiando o consumidor. “A possibilidade de poder cobrar a mala não traz outra coisa senão a intensificação da competição. Cada companhia vai precificar o que cobrar da mala e se vai ou não cobrar", acredita. 

O executivo diz que, a bagagem grátis ou uma tarifa de despacho menor podem ser itens importantes na hora de conquistar a preferência do cliente. Hoje, a Gol tem 38,8% de participação no segmento de voos domésticos, enquanto a Latam fica na segunda posição, com 31,3%.

Expectativa de redução -  Enquanto a companhia aérea defende que não deve haver redução no valor da passagem, a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) acredita que a permissão da Anac para cobrança de bagagem pelas companhias aéreas irá deixar as passagens mais baratas.

Em reportagem publicada pelo O Globo em dezembro de 2016, o presidente da entidade, Eduardo Sanovicz, disse que o valor das malas as quais os passageiros têm direito de levar está embutido nos preços dos bilhetes, ou seja, a cobrança já existe, mas de forma não transparente.

Isso quer dizer que a partir de agora, segundo ele, só vai precisar pagar quem realmente estiver viajando com bagagem.

As normas em vigor atualmente são originadas de uma época em que viajar de avião era acessível apenas a uma pequena elite. Hoje, não apenas as condições e preços para voar são melhores como o perfil do passageiro têm mudado, já que a maioria viaja sem malas.

Conforme a reportagem, Sanovicz afirmou na época, que a mudança nas normas da Anac favorece a concorrência, derrubando o preço dos bilhetes assim como há dez anos, quando o governo deixou de tabelar as tarifas. O preço médio da passagem atualmente é 60% menor do que naquele período.

Atualmente as empresas têm de transportar gratuitamente até 23 quilos de bagagem em voos domésticos e 32 em voos internacionais. Com a mudança, somente as bagagens de mão, que são aquelas levadas junto com o passageiro dentro da aeronave, não terão custo adicional. Além disso, o limite de peso para esse tipo de mala passa para 10 quilos.

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