Com fechamentos na região Norte, comércio busca jeito de fidelizar cliente
Enquanto o fechamento de algumas lojas atacadistas e supermercados, na região Norte de Campo Grande, indicam a fragilidade do comércio, os mercados viram uma oportunidade de ganho e crescimento. Mas para que isso ocorra na prática é preciso que os comerciantes usem estratégias de vendas para fidelizar clientes.
O bairro Nova Lima foi um dos mais afetados com esses fechamentos no ano passado, já que perdeu o Makro e o Walmart. Ambos fecharam suas portas devido a atual situação financeira em que o país se encontra. Diante disso, os donos dos mercados do bairro viram uma oportunidade de crescer, já que esses consumidores acostumados a comprar nesses estabelecimentos, poderiam migrar para os mercados localizados nos bairros.
Porém, a maioria desses comerciantes afirmam que o fluxo de clientes ainda é o mesmo e que nada mudou, uma vez que eles procuram o Atacadão, que fica próximo ao bairro, para fazer as compras mensais e os mercados do bairro para compras realizadas durante a semana, conforme constatou Laudecir João da Silva, proprietário de um estabelecimento comercial na Rua Tapália, no Jardim Colúmbia, que fica bem ao lado do Nova Lima. Ele comenta que o número de pessoas atendidas é praticamente igual. "Não fez diferença quando fechou, as pessoas compram em todo lugar", complementa.
Para José Coelho Rodrigues, gerente do mercado Mister Junior, localizado na Rua Jerônimo de Albuquerque, no Nova Lima, o fluxo de clientes continua normal, mesmo após os fechamentos dos comércios nas imediações. "O público que o Walmart atendia não era o mesmo que o nosso, por isso a quantidade de clientes continua a mesma", afirma.
Mas o economista Tiago Queiroz de Oliveira, afirma que para haver uma mudança nessa realidade é necessário que esses empresários usem táticas para fidelizar esses clientes. Uma dessas artimanhas seria oferecer um mix de produtos para atender a carteira de clientes que agora busca mais variedades e melhores preços.
"É preciso manter o preço em conta, mas também investir em treinamento de funcionários para que eles possam atender os clientes com mais agilidade, principalmente nos horários de pico, onde encontramos imensas filas nos mercados. Essas são coisas que diferenciam os mercados de bairros dos atacados e atraem os clientes", diz.
Para o economista, é difícil um comércio de bairro concorrer com um atacado, mas devido a qualidade que os produtos comercializados nos mercados de bairro apresentam, são pontos positivos para os consumidores. "A proximidade de ter o produto perto, além de apresentar uma qualidade superior nos hortifrútis, carnes e outros produtos frescos contam a favor dos mercados. Já os preços agressivos são para mercados do porte atacadistas", explica ele ao falar das diferenças entre um e outro.
Já os consumidores se dividem entre pagar mais barato e a comodidade de comprar perto de casa. É o caso de Ivete Ferreira, 65 anos, ela conta que prefere ir aos mercados perto de casa do que aos atacados da região. "Perto de casa os preços são bons, eles entregam a compra e nos atacados temos que pagar táxi, então na verdade a gente acaba não economizando. E temos que valorizar o que é nosso, gerar emprego na nossa região".
A comerciante Antônia Maria Sérgio, 50 anos, prefere os atacados por conta dos preços. "Só em último caso eu compro nos mercados aqui do bairro. Faço as compras do mês no atacado e as compras do dia a dia nos mercados da região".
O economista finaliza alertando que há dois tipos de consumidores e que é preciso prestar atenção em cada um deles. "Temos aqueles que estão dispostos a ficar na fila por muito tempo, e obter produtos com uma qualidade inferior ao de supermercados, e o outro que quer o atendimento diferenciado que vai procurar o mercado de bairro", complementa ele ao afirmar que o mercado tem espaço para todo mundo.