Comerciantes trocam Centro por bairro e economizam R$ 50 mil com aluguel
Em busca de economia e comodidade para os clientes, muitos empresários da Capital estão fechando suas unidades no Centro e migrando para os bairros. Alexandre Vallezzi é um exemplo disso. Proprietário de uma loja de confecção há 25 anos, ele fechou duas lojas na região central para abrir uma na avenida Júlio de Castilho, e assim reduzir suas despesas.
Segundo Alexandre, os benefícios em se mudar para o bairro são inúmeros, mas ele destaca a comodidade na hora de fazer as compras, a facilidade em encontrar estacionamento e o preço do aluguel, como as mais atrativas. A loja da Júlio de Castilho já existe há seis anos, mas somente há um mês, resolveu fechar o comércio do Centro e investir apenas nas vendas no bairro.
"O aluguel no Centro de Campo Grande é algo fora do padrão", diz ele, que pagava R$ 50 mil de aluguel nas duas lojas, uma na rua Dom Aquino e outra da rua 14 de Julho, e agora paga R$ 5 mil. Mas a economia também foi notada com outros gastos, como energia elétrica, por exemplo.
Alexandre comemora o novo momento, mesmo tendo uma queda de 70% nas vendas. Ele conta que com a economia que está fazendo já conseguiu equilibrar e manter as vendas estáveis. "As vendas no Centro já tinham baixado 30%, então consegui manter estável aqui no bairro, se comparado aos custos que tinha no Centro".
A região foi escolhida por ser considerada boa para vendas. "Tem casas lotéricas e bancos, pontos de pagamentos nas imediações, isso ajuda bastante", conta. Questionado sobre a falta de segurança, ele comenta que "esse é um problema que nunca teve".
Tendência - Júlio César Bósio, proprietário de uma loja de produtos para cabeleireiros acredita que a tendencia do comércio nos bairros é se fortalecer mais devido ao alto valor dos aluguéis nos prédios localizados no Centro. Ele ficou por 12 anos no centro e resolveu, há quase três anos, fechar a loja e abrir no bairro Nova Lima. Com isso o valor do aluguel caiu de R$ 17 mil, para R$ 1,9 mil.
"As vendas caíram, mas o custo chega a ser cinco vezes mais barato. Os pequenos e médios comerciantes não aguentam por muito tempo se sustentar ali no Centro, o valor dos aluguéis é inviável".
Ele diz que não se arrepende de ter saído da região central, pois o Centro é uma ilusão. "Me arrependo de não ter fechado antes a loja", comenta.
O responsável pela Escola de Varejo da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Moacir Pereira Junior, acrescenta que ouve uma mudança de comportamento do consumidor campo-grandense, antes achava que produtos vendidos na periferia eram mais caros e com qualidade inferior.
"Hoje isso mudou, o produto vendido nos bairros tem a mesma qualidade e mais barato, já que o proprietário economiza com o aluguem do estabelecimento e outros custos que são menores. Hoje se encontra tudo nos bairros e com boa qualidade".
Moacir diz ainda que um dos fatores que ainda impedem que o comércio dos bairros cresça mais é a falta de segurança. "Não que no centro a segurança seja maior, só que é mais difícil de acontecer casos de roubos do que nos bairros. Se melhorar a segurança, os próprios empresários vão querer investir mais".