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Economia

Consumo cai e indústria alimentícia demite 472 funcionários em 4 meses

Renata Volpe Haddad e Viviane Oliveira | 14/06/2015 08:20
De janeiro a abril deste ano, já foram contabilizadas 472 demissões no setor alimentício. (Foto: divulgação/Fiems)
De janeiro a abril deste ano, já foram contabilizadas 472 demissões no setor alimentício. (Foto: divulgação/Fiems)

De janeiro a abril deste ano, a indústria alimentícia demitiu 472 funcionários, o que significa redução de 1,3% no quadro de trabalhadores nos quatro primeiros meses de 2015. Segundo o superintendente do Sebrae MS e presidente do sindicato patronal do setor, Cláudio Mendonça, a grande dificuldade é a queda nas vendas do mercado interno, pois os produtos que são  produzidos aqui acabam saindo mais caros que os importados.

O custo mais relevante para as empresas do ramo é a mão de obra. Diante do cenário atual, a tendência é que as indústrias reduzam a equipe ou deixem de contratar. “Isso acontece para que as indústrias possam se recuperar. Mas dentre outras crises que o setor enfrentou outras vezes, o setor alimentício também vai superar essa”, explica.

Mendonça destaca que o principal neste momento é que o empresário planeje o negócio e comece a investir em inovações no produto, modelos de venda, diferencial no serviço para poder estar no mercado. “No momento, as pessoas estão receosas de comprar, só que quando reduz a compra isso reflete em demissões. Outro fator é que existe uma forma de política errada, os ajustes que estão sendo feitos não estão suprindo a necessidade dos empresários”, comenta.

Além das demissões, as indústrias deixam de comprar maquinário e causa impacto nas empresas de máquinas, e os empresários parando de fazer investimentos. “A empresa reduz o número de funcionários, mas o governo não reduz o número de ministério, onde poderiam ser feitos cortes. Esperamos que o Governo Federal aja da forma correta para poder amenizar a crise”, ressalta.

O superintendente afirma que é preciso que fique claro que o empresário não consegue mais repassar os aumentos para os produtos. “As indústrias alimentícias não competem localmente, outros produtos vem através da importação, o que mata as empresas brasileiras. Queremos igualdade de produção e pagar o mesmo imposto que uma indústria americana ou chinesa paga. O custo de uma máquina aqui é o dobro do que nos Estados Unidos e assim não tem como competir”, completa.

Para superar a crise, Mendonça avalia que as empresas precisam se ajustar. “Se a indústria consegue produzir uma tonelada de alimento com dez funcionários, neste momento é preciso produzir a mesma quantidade com nove funcionários, pois a competição é grande”, finaliza.

Superintendente explica que para poder superar a crise, empresários precisam ser criativos e apostar em diferencial. (Foto: Marcos Ermínio)
Superintendente explica que para poder superar a crise, empresários precisam ser criativos e apostar em diferencial. (Foto: Marcos Ermínio)

Queda - A crise econômica já resultou em demissões, redução no estoque de produtos e na jornada de trabalho em uma das indústrias do grupo Alimentos Santa Cruz, em Itaporã, distante 227 quilômetros de Campo Grande. Um dos proprietários da empresa, Guilherme Pegorer, conta que nos três primeiros meses as vendas ocorreram normalmente, mas as exportações começaram a cair no começo de abril.

Segundo o empresário, a produção de arroz diminuiu cerca de 20%. O grupo, com unidades também nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, exporta para países como Africa, Bolívia e Iraque. “Nos três primeiros meses vendemos acima de 45 mil fardos. No mês de abril e maio caiu para 35 mil, o equivalente a 28%”, lamenta.

Para driblar a crise, Guilherme diz que a unidade de Mato Grosso do Sul foi obrigada a dispensar três funcionários temporários, reduzir em 1h30 a jornada de trabalho e o turno da noite que era de seis dias passou para cinco. No total, a filial no Estado mantém 40 funcionários. “Não foi só aqui, também houve redução no quadro de funcionários nas outras duas unidades”, destaca.

Cortar gastos excessivos e pechinchar com o fornecedor, foram as alternativas adotada pela Indústria de Café Amando Vieira Borges e Cia Ltda, em Cassilândia, para não precisar demitir nenhum dos nove funcionários. A gerente Helen Cristina Fernandes Rosa conta que brindes como canetas, bonés, camisetas, relógios e xícaras que a empresa costumava a presentear o cliente tiveram que ser reduzidos. “Tive que diminuir a variedade de brindes e estamos apenas com bonés e xícaras”, diz.

Ainda conforme a gerente, o estoque também sofreu cortes e a empresa passou a pesquisar preços com outros fornecedores. “Para a gente conseguir passar por essa fase complicada, algumas coisas precisam ser readequadas”, pontua. A industria de café exporta para algumas cidade de Mato Grosso do Sul e Goias.

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