Crise afeta setor hoteleiro da Capital e média de ocupação cai 40% em 2015
Para o setor hoteleiro de Campo Grande, 2015 tem sido um ano de maus negócios. Amargando desaquecimento de mais de 40% na taxa de ocupação, hoteis começam a demitir na tentativa de controlar gastos. Segundo a gerente de hospedagem do Exceler Plaza Hotel, Zulema Ledesma, a média de ocupação no ano passado foi de 72%. No entanto, chegou a 49% em 2015.
"Temos sentido bastante aqui e não estamos conseguindo segurar. Por isso, tivemos que fazer adequações. Infelizmente, tivemos que dispensar alguns funcionários", explica. No ano passado, a empresa contava com 62 funcionários. Hoje, tem 54.
Panorama - O setor hoteleiro da Capital atende, majoritariamente, público que vem à cidade para tratar de negócios. Com a crise, a gerente acredita que empresas estão cortando despesas e, com isso, deixando de promover eventos que demandam hospedagem.
Essa também é a constatação de Cézar Sanches, assistente de diretoria do Hotel Jandaia. De acordo com ele, a taxa de ocupação caiu 40% de maio deste ano para cá e, inclusive, a procura por reservas para os últimos meses do ano está muito baixa.
"Estamos no período considerado de alta temporada pra nós. A partir de julho, até outubro e novembro, as pessoas vem pra cá para fazer negócios e a média de ocupação dos hoteis é de 80%, mas isso não aconteceu até agora, o movimento está muito abaixo", explica. Para completar o cenário desfavorável, Cézar conta que no começo do ano a procura é ainda menor, portanto, não existem expectativas de que a situação melhore.
Negócios - "Como Campo Grande é uma cidade comercial, geralmente no começo do ano as pessoas estão de férias, como executivos, auditores, representantes comerciais, por isso os hoteis ficam mais vazios", detalha.
Ele explica que Campo Grande não é uma cidade turística. As pessoas que vão para Bonito ou para o Pantanal dificilmente param na cidade. "Os turistas vão direto, existe aeroporto em Corumbá e em Bonito. E mesmo quem desembarca aqui, vai direto para o interior", analisa.
"De vez em quando recebemos grupos que querem conhecer Campo Grande e passam um ou dois dias aqui, mas isso encarece a viagem. Parar em muitas cidades, pagar hospedagem, transportes, isso encare o turismo, são poucos que fazem essa opção", compartilha.
Brasil - De acordo com o diretor de marketing da rede de hoteis Deville Prime, Cícero Vilela, a crise com certeza tem afetado o setor hoteleiro. Em Campo Grande, a unidade só conseguiu superar média de ocupação de 50% após sete meses de funcionamento, em setembro.
No entanto, para Cícero, a má fase não é exclusividade de Campo Grande. Com nove unidades espalhadas pelo Brasil, a marca entende que o momento é de cautela. "Na nossa rede, percebemos que a unidade de Salvador foi a mais prejudicada pela crise. Na verdade, o setor hoteleiro do Brasil todo tem sentido, e todos os hoteis de Salvador perceberam forte queda. Vários fatores interferiram nisso", contextualiza.
Motivos - "Primeiro, houve explosão de hoteis na cidade nos últimos anos, inclusive devido à Copa do Mundo. Depois, Salvador perdeu seu centro de eventos devido ao seu deplorável estado de conservação. Além disso, a cidade enfrenta sérios problemas de segurança pública, além de sofrer com destinos turísticos degradados", finaliza.
Para tentar driblar a situação, a saída é usar a tecnologia e a criatividade, garante Cézar. "Estamos fazendo promoções por meio de sites de hotelaria e de viagens, como o Booking.com, Tripadvisor e Decolar.com, e é o que mais tem atraído clientes", diz.
Para a gerente Zulema, também é preciso acompanhar o movimento da cidade. "Estamos sempre atentos se existe algum congresso, feira, eventos em Campo Grande, e aproveitarmos essas oportunidades. Mas está realmente difícil pra todos, tanto para grandes hoteis, quanto para pequenos", conclui.