Endividada, Enersul faz nova conta e preocupa deputado
Com dívida de R$ 571 milhões, a Enersul vai contrair, nesta sexta-feira (11), novo débito de R$ 400 milhões e preocupa o deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB). “Quem vai pagar essa conta?”, questionou, ontem, na tribuna da Assembleia Legislativa.
O temor leva em consideração o momento de discussão de reajuste tarifário e a falta de investimentos da concessionária no Estado. “Um morador de Caracol precisa viajar mais de 200 quilômetros para achar um escritório da Enersul e protocolar uma reclamação”, lamentou o parlamentar.
Ao mesmo tempo, Marquinhos ressaltou que a empresa não vem cumprindo, por exemplo, regras básicas, como o tempo que pode deixar o consumidor sem o serviço. Recentemente, um produtor rural denunciou que a Enersul demorou 36 horas para restabelecer a energia na propriedade e 19 das 39 vacas leiteiras ficaram doentes.
De acordo com resolução da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a concessionária não pode deixar 24 horas contínuas uma unidade, localizada em área rural, sem o serviço.
Diante dos problemas, Marquinhos quer saber como a empresa fará para investir e pagar as dívidas, sem cobrar do consumidor da conta. “Era uma empresa superavitária e, agora, vive esse momento de insegurança, mesmo detendo quase o monopólio do serviço no Estado”, comentou, em tom preocupação com a gestão da concessionária.
De acordo com balanço financeiro publicado na mídia local, no ano passado, a Enersul deve R$ 571 milhões, dos quais 25% precisam ser obrigatoriamente pagos até dezembro deste ano. O restante deve ser quitado até o final de 2015.
“E, no apagar das luzes da intervenção e pouco dias antes de a Energisa assumir a empresa, será feito um debênture (título de crédito representativo de empréstimo) no valor de R$ 400 milhões”, contou o deputado. “A dívida será contraída e darão como garantia as contas pagas pelo consumidor”, completou.
O débito será contraído quatro dias depois de o deputado conseguir barrar na Justiça processo de reajuste tarifário, no qual a Enersul pleiteou 16,19% de aumento. A liminar saiu após Marquinhos apontar irregularidades no processo.