Impacto da inflação é sentido até na comida dos animais de estimação
Proprietários de pet shops percebem mudança de comportamento de consumidores
A inflação tem impactado até os animais de estimação, que têm ficado sem ração de qualidade por conta do alto preço nos pet shops. Com isso, os donos passaram a optar por comprar o produto mais barato ou em menor quantidade para caber no orçamento do mês.
É o caso da cabeleireira Sarah Bittar, de 32 anos. Ela tem seis cachorros, três vira-latas, dois yorkshire e um spitz.
Para os três cachorros vira-latas, que já são adultos, Sarah optou por mudar a marca da ração, devido ao preço.
"Eles comem quase três pacotes por mês. Antes, na Premier, de 15 quilos, eu pagava R$ 250. Agora, mudei para a Golden, de R$ 180", conta. Neste caso, em específico, a diferença de preço foi de 28% a menos.
Mas ela deixa claro que não mexeu na qualidade da ração dos yorkshires e do spitz.
O proprietário da Mascote Pet Shop, André Albuquerque Vilas, tem notado a mudança de hábito dos consumidores. O empresário relata que a ração chegou a aumentar entre 30% e 40% no período da pandemia.
Ele usa como exemplo, o pacote de 15 kg, da linha premium, que vendia a R$ 70. Hoje vende a R$ 130, por exemplo.
Na linha super premium, antes da pandemia custava R$ 170, depois passou para R$ 230.
“É um conjunto de situações, muitos diminuíram a quantidade, já outros que davam ração super premium, agora, estão partindo para uma linha intermediária de preço”, explica.
Em um outro estabelecimento na Rua Pará, no bairro Tijuca, o proprietário Lucas Alves, de 32 anos, diz que a procura por ração de qualidade caiu 30%.
“Eles [consumidores] estão optando por menos qualidade por conta de preço. Pessoal vai no a granel. Tem cliente que compra dois reais de ração. Tivemos queda de 30% na procura por ração de boa qualidade”, destaca.
Diante deste cenário, para conseguir vender pacote de ração com boa qualidade, Lucas oferece petiscos como brinde.
“Nessas rações vão muito milho, soja, carne bovina e de frango. Então, a matéria-prima subiu e o preço sobe também. Fora combustível, transporte”, completa.
Ao Campo Grande News, o presidente-executivo da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), José Edson Galvão de França, explica que o principal desafio nas fábricas de alimento tem sido o preço e não a escassez.
“Ainda que o conflito na Ucrânia possa ter pressionado os preços no mercado internacional, a indústria de pet food não passa por falta de ingredientes neste momento. O principal gargalo, atualmente, nas fábricas de alimento para animais de estimação, está ligado ao preço dos produtos”, destaca.
Ainda de acordo com Galvão, no geral, mesmo no meio de incertezas, o mercado e o abastecimento se mantêm firme, com exceção a algumas regiões que possam sofrer desabastecimentos pontuais por conta de questões logísticas, como preços de combustíveis e frete.