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Economia

Investimento público e diversificação fazem de MS o 3º com menor desemprego

Para além do agronegócio, outras estratégias têm colocado MS como um dos 4 estados com "pleno emprego" no País

Guilherme Correia | 14/03/2023 13:48
Clientes em frente a comércio no Centro de Campo Grande. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)
Clientes em frente a comércio no Centro de Campo Grande. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

Diferente da média nacional - em que 8,6 milhões de brasileiros estão sem trabalho -, Mato Grosso do Sul e outros três estados do Brasil têm taxa de desocupação abaixo de 4%, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua Trimestral. Ainda que o agronegócio seja responsável por aquecer a economia local, os indicadores mostram que outros setores auxiliam no sucesso econômico, provocado também pelo investimento público.

Os números positivos do mercado de trabalho do Estado, além de Mato Grosso e Rondônia, podem ser explicados pelo bom desempenho do agro, que estimula toda a economia local. Em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o coordenador da unidade de Economia, Estudos e Pesquisa da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), Ezequiel Resende, afirmou que o setor potencializa outras cadeias produtivas.

Entretanto, a pesquisa indica que, em um ano, a agropecuária recuou de 173 mil para 160 mil empregados, enquanto os demais setores tiveram aumento:

  • Indústria: 151 mil para 153 mil
  • Construção: 104 mil para 120 mil
  • Comércio: 245 mil para 283 mil
  • Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas: 121 mil para 145 mil
  • Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais: 241 mil para 277 mil.

O economista Eugênio Pavão explica ao Campo Grande News que a economia de Mato Grosso do Sul passa por momentos de grandes investimentos, como a construção da fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo. “As vendas para o exterior, de produtos de Mato Grosso do Sul, também fazem com que o emprego industrial cresça, bem como no setor de comércio, com lançamento de varejistas em várias regiões do Estado”.

O agronegócio precisa dos outros setores, como máquinas industriais para a colheita, serviços de tecnologia de ponta, como softwares, equipamentos para mapeamento geográficas, de geolocalização, etc. O setor de transportes também tem atendido a demanda do agronegócio, com grande contingente de trabalhadores”, explica Eugênio Pavão.

Segundo a pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), além de Mato Grosso do Sul, Rondônia e Mato Grosso apresentam índices inferiores a 4%. O outro estado brasileiro com este patamar é Santa Catarina, onde há uma diversificação da economia, o que dificulta faltar trabalho.

“Santa Catarina tem a indústria como a gestão da economia, com uma estrutura voltada para exportações para a Europa e Estados Unidos, devido à cultura local. Mato Grosso e Rondônia têm no agronegócio a principal atividade econômica, com a ocupação de terras mais baratas e a expansão da fronteira agrícola”, diz o economista.

Por outro lado, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Amapá continuam com taxas acima de 10%.

Brasil - No quarto trimestre de 2022, a taxa de desocupação recuou em oito estados - Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Maranhão, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. Em outros 17 estados e no Distrito Federal, os índices ficaram relativamente estáveis em relação ao trimestre anterior e no Amapá a taxa de desocupação cresceu, de 10,8% para 13,3% no período.

Em nível nacional, a taxa de desocupação caiu de 8,7% para 7,9% e, no último trimestre do ano, fechou com taxa média anual de desemprego de 9,3%, a menor desde 2015.

Segundo o IBGE, a taxa de desocupação engloba as pessoas que estão fora do mercado de trabalho porque não conseguem emprego ou porque desistiram de procurar ou estão temporariamente impedidas de trabalhar ou, ainda, preferem estudar ou fazer outras atividades. Para se chegar a esse cálculo é levado em consideração apenas o universo de pessoas aptas ao trabalho, chamado de PEA (População Economicamente Ativa).

Investimento público - Ainda que o setor privado empregue maior parte dos trabalhadores, em Mato Grosso do Sul, a geração de trabalho tem alta influência do poder público. Em publicação no site oficial de notícias do governo estadual, o governador Eduardo Riedel (PSDB) declarou que a geração empregatícia é reflexo do desenvolvimento do Estado.

A maioria da massa trabalhadora está empregada no âmbito privado - o grupo cresceu 7,7%, em um ano, passando de 585 mil empregados com carteira assinada em empresas privadas, no último trimestre de 2021, para 630 mil, entre outubro e dezembro de 2022.

Ao todo, há 1 milhão com trabalho - considerando os com e sem carteira assinada, 739 mil são do setor privado, 213 mil no setor público e 88 mil são trabalhadores domésticos.

Para o titular da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, o índice de 3,3% de desocupação coloca o Estado em situação de pleno emprego. “Quando a taxa de desemprego de um país chega a 4%, é considerado pleno emprego”.

“Nunca teremos um índice zero. Mesmo assim, há um número de pessoas que ainda procuram trabalho e há vagas abertas no Estado, nosso foco é fazer esse encontro. Isso será possível com qualificação profissional, processo que já está em desenvolvimento”, frisou.

O último trimestre de 2022, na comparação com o mesmo período de 2021, mostra que o índice foi de 92 mil desempregados para 50 mil.

Secretário-executivo de Qualificação Profissional e Trabalho da Semadesc, Bruno Gouveia explicou que o desafio do governo é reduzir o índice e empregar o máximo possível das 50 mil pessoas desocupadas. “Dentro da lógica colocada pela gestão atual, que é transformar Mato Grosso do Sul num estado próspero, inclusivo, digital e verde”.

Segundo ele, há vagas abertas e pessoas sem emprego. Uma das medidas previstas é criar o “voucher qualificação”, um programa para capacitar trabalhadores a ocuparem as vagas disponíveis, num trabalho em conjunto com outros órgãos públicos, empresas, Sistema S e sindicatos. Entretanto, a ação ainda não teve início, até o momento.

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