Mais resistente à praga, transgênico domina cultura de milho e soja
Carro-chefe das empresas que comercializam novas tecnologias voltadas para o campo, o plantio de sementes de milho e soja geneticamente modificadas são apontadas como solução dominante para os principais empecilhos para o aumento da produtividade, como a resistência às pragas da lavoura.
Das 80 empresas que participam do Showtec, feira agropecuária voltada para apresentação de soluções para o setor, mais da metade é voltada para o mercado de transgênicos. Durante três dias, expositores da feira tecnológica estarão reunidos em Maracaju, apontando alternativas para os sistemas produtivos por meio de seus catálogos de sementes.
Em Mato Grosso do Sul, 95% da área total de soja plantada e 78,9% da área de milho é transgênica, conforme levantamento da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS) feito no ano passado.
Investimentos – Junto com as promessas de maior rentabilidade, as empresas investem pesado para atrair o produtor. A multinacional norte-americana Monsanto, líder do mercado mundial, só nesta safra ofereceu sementes para que 700 agricultores brasileiros, 120 deles no Estado, testem as variedades. Cada um ganha meio hectare. Em contrapartida, a empresa usa as áreas experimentais para pesquisas que obtém resultados que mostram as vantagens.
Cinco variedades geneticamente modificadas licenciadas para venda local obtiveram 53 sacas por hectare, enquanto, a média do Estado gira em torno das 46 sacas. Além do índice elevado para os padrões da região, há uma redução do ataque de insetos, garante a gerente de biotecnologia de soja da empresa, Suzeti Ferreira.
“Um gene inserido faz a soja produzir uma proteína, que funciona como inseticida, matando a lagarta quando tenta se alimentar da folha. Inclusive a Helicoverpa armigera”, acrescenta, sobre a praga que fez o Ministério da Agricultura decretar emergência em dois municípios do estado.
Outro fator, explica a bióloga, é o aumento da rentabilidade devido à economia com combustível e mão-de-obra para aplicação de inseticidas. “Com base na redução do custo de aplicação de inseticidas e aumento da produtividade, a economia pode chegar a R$ 400 por hectare”. No ciclo 2013/14, o produtor pagou R$ 2.053 no hectare de soja.
O diretor-executivo da Fundação MS, instituição que promove a feira, aponta que apresentar para o produtor os aspectos que podem levar ao aumento da produtividade é justamente o foco do evento. “A meta alcançar até 80 sacas por hectare. A entrada da cana e do eucalipto no Estado exige produzir mais em um espaço menor”, afirma Renato Roscoe. Ele exemplifica que o uso dessas tecnologias permitiu que todas as culturas ganhassem espaço.
“Há seis anos, cana e eucalipto, ocupavam 100 mil hectares cada, hoje, a área plantada saltou para 800 mi e 700 mil hectares, respectivamente. Ao mesmo tempo, a produção de soja e milho coloca Mato Grosso do Sul como 5º maior do produtor do Brasil, e em áreas que apresentam baixa produtividade, graças a essas estratégias de manejo”, reforça.
Por outro lado, há um “bônus” que corre no mercado, pago ao produtor que mantém o plantio da soja convencional, cerca de R$ 8 a mais por saca. Sojicultor em Sidrolândia, Geraldo Oliveira, garante manter a média de produtividade da região, e o preço obtido compensa possíveis custos adicionais de produção. “Dá para tirar 60 sacas por hectare e, por se tratar da convencional, consigo negociar por até R$ 7, R$ 8 a mais”, afirma o produtor depois de percorrer os estandes da feira.