No último dia de Refis, contribuinte justifica atrasos e encara parcelamentos
A prefeitura pretende arrecadar R$ 40 milhões com débitos em atrasos e atendimento se estenderá até 18h
No dia derradeiro de adesão ao PPI (Programa de Pagamento Incentivado), o Refis, teve quem chegasse antes da abertura do portão para tentar evitar filas e garantir rapidamente negociação. Na fila, a inadimplência era explicada pelos altos valores e incapacidade de comprometer parte do salário com as parcelas nada atrativas.
Já tinha fila antes da abertura, mas modesta perto de outras edições finais. A renegociação do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), ISSQN (Imposto sobre Serviço) e multas começou no dia 21 de março e, até agora, cerca de 12 mil contribuintes renegociaram a dívida, gerando receita de R$ 28 milhões. Na reta final, a prefeitura ainda pretende chegar a R$ 40 milhões.
Quem já garantiu o aumento dessa fatia para a prefeitura foi a professora Mônica Maciel Lemos, 41 anos, residente no Bairro Bom Jardim. Chegou por volta das 7h10 e foi rapidamente atendida.
Com o IPTU atrasado há 4 anos, resolveu enfrentar a conta e parcelas que extrapolam sua capacidade de endividamento: a conta de R$ 23 mil foi transformada em entrada de R$ 5 mil e parcelamentos de R$ 4,4 mil. “Ficou bem pesado o valor, eles deveriam parcelar pelo menos em dez vezes; nem recebo isso, vou ter que pedir emprestado, me virar.”
A pensionista Estela Duarte, 68 anos, chegou até um pouco mais cedo, às 6h45, saindo do Bairro Oliveira II. “Demora um pouco para abrir, mas depois é rápido”, disse.
Ainda estava na fila, mas já tinha noção do que poderia esperar, já que, na quinta-feira, conseguiu pagar o IPTU de 2016: com metade do 13º e dinheiro emprestado da sobrinha, pagou “R$ 1.268 e uns quebrados”. Agora, voltou ao Paço Municipal para negociar os IPTUs de 2017 até agora, que não teve como pagar à vista.
Estela explicou o motivo de ter deixado a dívida se acumular ao longo dos anos. “Pensionista ganha salário mínimo, estava muito caro, a gente fica sem saber, ou come ou paga as contas”, disse. Este ano, por exemplo, o carnê de IPTU chegou a R$ 1,3 mil.
Segundo a pensionista, a conta aumentou porque a fiscalização contou duas casas no mesmo terreno. Ela garante que o segundo “imóvel” é a casinha do cachorro. Apesar de recorrer à renegociação, diz que nem sempre é benéfica para quem tem pouco dinheiro. “Quem tem dinheiro é bom, porque quita tudo, para mim, a conta não bate”.
A vendedora Thaiza Eufrásio, 32 anos, levou a mãe, Selma, 55 anos, para negociar Os IPTUs de imóvel no Jardim Novos Estados. Entre dívida ativa e valores ajuizados de contas remotas, o valor total já está em R$ 13.256,29. “Antes, não era cobrado, aí, quando a prefeitura cobrou, foi tudo de uma vez”, justificou.
Thaiza disse que a saída será vender o imóvel, quitar a dívida e comprar outro mais barato, tentando isenção na contratação. “Não temos nem entrada, viemos na surdina, vamos ver o que vamos fazer”, disse.
Atendimento – A renegociação fica em imóvel ao lado do Paço Municipal, na Rua Dr. Arthur Jorge, nº 500. O atendimento será das 8h às 16h e poderá se estender até 18h, em caso de espera. O Refis abrange todos os tributos administrados pela Prefeitura Municipal de Campo Grande e pode ser o ISS, ITBI, Taxas Públicas e, principalmente, o IPTU.