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Economia

Pandemia foi ruptura na economia de MS, que "nunca mais será como antes"

Marta Ferreira | 11/10/2020 08:32
Carros são desinfectados em barreira sanitária monstada pelo governo do Estado. (Foto: Henrique Kawaminami)
Carros são desinfectados em barreira sanitária monstada pelo governo do Estado. (Foto: Henrique Kawaminami)

Aniversário é época de reflexão, daquele balanço de como foi o ano. E se Mato Grosso do Sul fosse uma pessoa, assim como eu e você, a palavra pandemia também seria divisor de águas aos 43 anos. Foi difícil e ainda será por um tempo, com ensinamentos diários e desafios a todo tempo.

Se a vida de todos teve que se adaptar às mudanças trazidas pela crise  sanitária, com ameaça à saúde de cada morador, imagine as transformações para a engenharia econômica, algo que a gente não vê, mas movido ao sabor das mudanças mínimas capazes de mexer com as estruturas do emprego e da geração de renda.

Com medidas mais ou menos drásticas para o controle da doença, que atingiu mais de 75 mil pessoas, das quais 1,5 mil morreram, surgiu o novo normal, o clichê desses tempos nunca vividos, em todos os setores. Essa emergência clínica de consequências trágicas colocou à prova o sistema de atendimento médico e privado, para evitar cenas vistas em outros estados, de gente morrendo sem mesmo conseguir uma vaga em hospital.

Passamos sem isso, com muitas familiares sofrendo perdas, é bom não esquecer.

A covid-19 bateu forte, como era de se esperar, no esquema tradicional de produção de produtos e serviços, de geração de riquezas em síntese.

Ruptura é a palavra usada pela economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio MS, Daniela Dias.

Nada mais será como antes da pandemia", define.  "Apesar do cenário conturbado, a gente aprendeu muito, continua.

Apesar da necessidade de se adaptar, da necessidade de usar mais tecnologia, de se aproximar outras áreas para engajar o cliente", enumera.

Para Daniela, ainda que no empurrão de uma crise proporções tão graves, nunca estivemos tão proximos do vedadeiro comércio 4.0

O olhar da economista tem um pé no cuidado de não minimizar o tamanho do estrago da pandemia de novo coronavírus e o outro no aspecto prático de analisar o que isso mudou no empresariado, especialmente do comércio e serviços, representado pela federação à qual ela presta seus serviços.

Para mais de 40%, as estratégias adotadas surtiram efeito desejado", relaciona.

Daniela Dias, economista da Fecomércio, fala dos impactos da pandemia para o empresariado: "nada será como antes".
Daniela Dias, economista da Fecomércio, fala dos impactos da pandemia para o empresariado: "nada será como antes".

Mais de 70% pretendem manter essas mudanças", conta a partir dos estudos realizados.

Outros 30%, segundo ela, tiveram  dificuldades de se estabelecer no cenário de crise, com toque de recolher, escolas sem aulas, fechamento do comércio e dos serviços e imposição de medidas de segurança até então desconhecidas em espectro tão amplo.

Para chegar ao cliente, cita, foi preciso transformar o comportamento na mesma proporção das mudanças de hábitos verificadas.

Aí entrou o marketing, a comunicação, o uso profissionalizado das redes sociais e o investimento na tecnologia da informação. Novas formas de trabalhar também precisaram ser desenvolvidas.


O vendedor passou a ser mais que vendedor, consultor de moda a distância, até um ombro amigo, porque as pessoas querem conversar", percebe Daniela.

Setores - Na análise do Instituto ligado à Fecomércio, à medida em que a pandemia for sendo controlada, com a aplicação de vacina, por exemplo, tendências surgidas nesse período de ruptura vão permanecer.

A economia cita as comemorações, que certamente vão demandar produtos e serviços. "As pessoas querem sair, comemorar, querem ver os amigos"

Durante a pandemia, explica, em Mato Grosso do Sul as mudanças comportamentais fizeram com que alguns setores tivessem, em vez de perdas, crescimento.

"As pessoas precisaram de mais entretenimento, houve melhora na  compra de brinquedos específicos, utilizados em reunião familiar, de livros, de produtos heróicos", cita

Também houve aumentos da compra de eletrônicos, em razão do homme office, apontam as percepções do comércio. A construção civil e o mercado de decoração foram outras áreas movimentadas pela presença maior das pessoas em casa.

Até 2019, tivemos como destaque os setores de alimentação, beleza, pet shop e turismo, que vai demorar um pouco para atingir o patamar de antes", pontua.

"Agora alguns segmentos se destacaram durante a pandemia, dados os novos hábitos adquiridos", considera, citando como mais um exemplo a necessidade por conhecer, que aumentou busca por cursos rápidos a distância.

Daniela encerra a conversa com o Campo Grande News lembrando que todo o cenário traduzido diz respeito ao comércio de Mato Grosso do Sul, mas não somente a ele.

Ela explica que o comercio representa a ponta final, que tem relação direta com consumidor e que existe a existe a interconexão com industria e agro. Se o comércio precisa de produtos, os outros dois setores também são demandados, resume.

"Tivemos muito sofrimento, tivemos muito desemprego", relembra. "Mas a gente  também aprendeu e pode trabalhar com futuro melhor", espera.

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