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Economia

Pecuaristas se encontram para definir rumos do setor após a operação Carne Fraca

De acordo com o presidente do Sindicato Rural, "o gado não pode esperar no pasto"

Lucas Junot | 28/03/2017 14:25
O alvo da operação foi apenas algumas unidades da JBS e BRS no Paraná, Goiás e Minas Gerais, mas a repercussão foi tanta que toda a produção brasileira teve a imagem afetada (Divulgação)
O alvo da operação foi apenas algumas unidades da JBS e BRS no Paraná, Goiás e Minas Gerais, mas a repercussão foi tanta que toda a produção brasileira teve a imagem afetada (Divulgação)

Cerca de 200 pecuaristas de Mato Grosso do Sul se encontram na próxima segunda-feira (3) para discutir o rumo do setor produtivo no Estado, depois do impacto causado pela operação Carne Fraca, da Polícia Federal, realizada no dia 17 de março, com foco nos gigantes do setor de frigoríficos.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Ruy Fachini Filho, "o gado não pode esperar no pasto". A afirmação refere-se à preocupação do setor produtivo, que alega ter sido diretamente impactado em todos os elos da cadeia produtiva.

"O produtor precisa ter cautela, considerando a atual situação de retrocesso, no mercado de reposição, por exemplo. Nós temos conta a pagar e o nosso custo é alto, por isso, medidas precisam ser tomadas para que o impacto da 'Carne Fraca' seja amenizado", constata o presidente.

O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Jonathan Barbosa, chama atenção para o que pode ser a maior crise vivida pelo setor na história. Além de temerem pelo impacto negativo nos mercados internacional e interno, sob pena de perder a credibilidade quanto à qualidade dos produtos que oferece, caso o frigorífico JBS seja abrigado a fechar as portas "a pecuária em Mato Grosso do Sul quebra".

"O governo brasileiro deixou a JBS crescer tanto que o produtor não tem mais para quem vender. A JBS hoje, não só no Brasil, mas na Europa e nos Estados Unidos, tem quase o domínio absoluto da carne, não só bovina, mas também suína e de frango. Se tiverem que fechar, por exemplo, até o agronegócio afunda. Uma coisa depende da outra", explica Barbosa.

De acordo com o presidente do MNP (Movimento Nacional dos Produtores), Rafael Gratão, vincular a imagem do produtor rural, que investe para produzir alimentos, é uma preocupação que só não é maior que os danos conferidos aos consumidores da proteína animal, vencida e mascarada pelos frigoríficos, e à proporção de perdas econômicas que isso poderá gerar para a nação brasileira.

“A comercialização de carnes no mercado interno e externo são fundamentais para economia nacional, e especialmente para Mato Grosso do Sul. Esse fator coloca em xeque não só a credibilidade das unidades frigoríficas, mas todo o trabalho desenvolvido da porteira para dentro, uma vez que o crime desta proporção pode fechar mercados internacionais, e até diminuir os índices de consumo de carne”, manifesta

O presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, avalia que a imagem do Brasil no estrangeiro vai ser muito afetada pelo resultado das investigações. “O Brasil demorou muito tempo para consolidar sua participação no mercado internacional e hoje é um dos grandes exportadores de carne. Então, com isso, a imagem do país, vai ser muito afetada”, avaliou.

Ele esclareceu ainda que como a exportação de carne não é bolsa de mercadorias mas mercado físico, “oferta e demanda”, o país vai enfrentar eventuais cancelamentos e possíveis reduções de preços. “O cenário só não será pior porque nos Estados Unidos, que são o maior exportador de carne de frango hoje, apareceu mais um caso de gripe aviária. Mas, infelizmente, nós vamos sentir o impacto negativo aqui”, disse Castro.

Na semana passada, a JBS chegou a suspender por três dias o abate em seis das sete unidades que processam bovinos em Mato Grosso do Sul. A medida, teve como objetivo ajustar a produção diante dos embargos impostos pelos países importadores de carne brasileira após a operação.

O assunto será o tema central do 30º Encontro de Tecnologias para Pecuária de Corte. O evento é gratuito para associados ao Sindicato Rural e tem apoio da Embrapa Gado de Corte, Governo de MS e MNP, com patrocínio do Sistema OCB/MS e Sistema Famasul.

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