Preço do boi bate recorde histórico e puxa alta da inflação em outubro
A demanda maior que a oferta fez o preço do boi gordo bater recorde histórico neste ano em Mato Grosso do Sul. E o preço da carne bovina, que acumula alta de até 20% nos últimos 12 meses, puxou a alta da inflação em outubro em Campo Grande. O IPC/CG (Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande) ficou em 0,52% em outubro deste ano, o segundo maior do ano e o dobro do índice registrado em setembro (0,23%).
Segundo o Nepes (Núcleo de Pesquisas Econômicas) da Anhanguera Uniderp, a inflação de outubro foi de 0,52% na Capital. Nos últimos 12 meses, o índice ficou em 4,10%, abaixo da meta de 4,5% estabelecida pelo Banco Central. No ano, considerando-se os primeiros 10 meses, a custo de vida teve alta de 3,03%.
Segundo o coordenador do Nepes, Celso Correia de Souza, o grupo alimentação teve forte inflação no mês passado, de 0,92% devido a expressiva alta em alguns cortes da carne bovina, como acém (12,24%), costela (11,27%), lagarto (5,62%) e patinho (5,28%).
“Esses aumentos de carne bovina podem persistir até o final do ano, visto que estamos na entressafra de boi gordo e o final do ano se aproxima, período em que a demanda por esse produto aumenta”, comentou Correia.
Se depender do boi gordo, a pressão sobre a inflação só vai crescer. O analista de mercado da Rural Business, Júlio Brissac, diz que o preço médio do boi gordo neste ano bateu o recorde histórico registrado em 2011, que era de R$ 95,83. Houve aumento de 1,71% neste ano em relação ao recorde anterior.
O preço da arroba de 15 quilos está cotado a R$ 97,46, considerando-se a média de janeiro até hoje. Em relação ao mesmo período do ano passado, quando o valor foi de R$ 89,80, a alta acumulada é de 8,53%. Neste mês, o preço da arroba é de R$ 106, outro valor recorde, segundo Brissac.
Ele explica que a causa é a grande demanda. “O volume de bois (para o abate) que chega aos frigoríficos estáz abaixo da demanda”, explica o analista. Ele disse que o abate de fêmeas também segue alto e terá reflexo em 2014, quando o preço vai continuar pressionando a inflação no País. Outra causa é o avanço da agricultura, principalmente da lavoura da soja, sobre a área de pastagem. Na próxima safra, o cultivo da oleaginosa deve crescer de 5% a 8% e bater novo recorde.
Inflação – O índice dos preços do grupo habitação teve alta de 0,19% em outubro, puxado principalmente por pilha (8,9%), vela (7,03%) e amaciante de roupas (5,15%). Neste segmento, houve redução nos preços de vassouras (-5,72%), lâmpadas (-3,64%), fogão (-3,55%) e máquina de lavar roupa (-3,18%).
No grupo alimentação, houve queda de alguns itens, como cebola (-39,61%), cenoura (-22,44%), manga (-20,54%) e mamão (-13,47%).
Já no setor de transportes, com inflação de 1,69%, só houve aumento, principalmente, dos combustíveis. O etanol teve aumento de 3,62%, seguido pela gasolina com 2,50% e do óleo diesel, com 2,03%.
Nos outros segmentos houve inflação de 0,04% na educação e de 0,45% na saúde. No grupo de vestuário houve deflação de 0,67%, puxada pela queda de lingerie (-4,35%), tênis (-3,89%) e calça comprida (-2,53%).