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Educação e Tecnologia

Seminário do MEC discute criação de universidades indígenas em MS

Encontro realizado na Escola E. Maria Constança Barros Machado teve a participação de indígenas educadores

Por Mylena Fraiha | 12/07/2024 15:28
Indígenas de MS durante reunião sobre criação da universidade indígena, na Escola Estadual Maria Constança Barros Machado (Foto: Divulgação)
Indígenas de MS durante reunião sobre criação da universidade indígena, na Escola Estadual Maria Constança Barros Machado (Foto: Divulgação)

Campo Grande recebeu na quinta-feira (11) um seminário promovido pelo Ministério da Educação (MEC) para discutir a criação de universidades indígenas em Mato Grosso do Sul. O encontro, realizado na Escola Estadual Maria Constança Barros Machado, contou com a participação de mais de 200 pessoas, incluindo representantes de cidades e aldeias do interior do estado.

De acordo com Daniele Lorenço Gonçalves, professora indígena e coordenadora do FOREEIMS (Fórum Estadual de Educação Escolar Indígena do Mato Grosso do Sul) Povos do Pantanal, essa série de reuniões está sendo conduzida pelo Governo Federal para selecionar locais estratégicos com estruturas adequadas para a implantação das universidades indígenas.

“Acreditamos nessa proposta, que é uma demanda do movimento dos professores indígenas e das nossas lideranças de vanguarda, que sempre estiveram nas trincheiras de luta. Agora, as novas gerações terão a oportunidade de vivenciar esse sonho”, defendeu a professora Daniele, da etnia Terena e moradora da aldeia Brejão, na Terra Indígena de Nioaque.

Segundo Daniele, as universidades indígenas serão desenvolvidas sob a supervisão de uma "Universidade mãe", que deverá ser uma instituição federal. “A primeira provavelmente será na UNB (Universidade de Brasília), em Brasília. Depois, a proposta é interiorizar a Universidade para perto das aldeias”, explicou.

 Durante o seminário, o FOREEIMS apresentou a proposta de criação de duas universidades indígenas no Estado. Uma delas na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em Aquidauana, para atender as etnias Terena, Kinikinau, Atikum, Kadiwéu e Guató; e a outra na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) em Dourados, para atender as etnias Guarani e Kaiowá. Ambos os locais são considerados etnoterritórios educacionais, conforme o Decreto 6861/2012.

O Movimento de Indígenas do Contexto Urbano, representado pelo CMDDI (Conselho Municipal dos Direitos e Defesa dos Povos Indígenas de Campo Grande) e por caciques de aldeias urbanas, também solicitou um campus universitário em Campo Grande devido à presença significativa de indígenas na Capital. “Não podemos esquecer que os indígenas que residem ali o fazem devido à chegada das frentes de expansão e ao processo de reservamento dos indígenas em MS, o que resultou na violação de nossos direitos, esbulho de nossas terras e criminalização de nossa cultura”, argumenta Daniela.

Daniele explicou que o Seminário rodará os Estados porque não tem como ser criada uma universidade indígena, dada a diversidade cultural e quantidade de povos indígenas no Brasil. “Somos povos diversos, com mais de 300 etnias pelo Brasil afora. Não tem como ser uma única universidade que atenda todas as demandas e especificidades”.

Cursos - Inicialmente, serão ofertados cursos já existentes nas universidades de Mato Grosso do Sul, como Pedagogia Intercultural e Licenciatura Intercultural. No entanto, a ideia é expandir o número de cursos ao longo dos anos.

“Vai depender da estrutura onde serão instaladas as universidades indígenas. A princípio, precisamos fortalecer os cursos que já existem. Mas a proposta é que sejam construídos cursos que atendam as áreas da saúde, tecnologia entre outros”, comentou Daniele.

Participação - Entre os profissionais presentes no seminário, estavam caciques, lideranças, presidentes de associações indígenas, representantes de universidades do Estado (UEMS, UFGD, UFMS), coletivos de mulheres indígenas, movimentos de indígenas em contexto urbano representados pelo CMDDI, e caciques de aldeias urbanas de Campo Grande.

Também participaram representantes da SED (Secretaria de Educação do Estado), do FOREEIMS, da CNEEI (Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena), da FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), do Conselho do Povo Terena e Aty Guassu, da APIB, do MEC, do MPI (Ministério dos Povos Indígenas) e da SESU (Secretaria de Educação Superior).

Esse seminário faz parte de uma série de encontros voltados à escuta dos povos indígenas. Durante cerca de dois meses, o MEC passará por 12 estados brasileiros para consultar essa parcela da população, com a finalidade de subsidiar a criação, implementação e organização das universidades indígenas. A iniciativa faz parte das ações do Grupo de Trabalho instituído pela Portaria n° 350, de 15 de abril.

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