Quem cumpre isolamento se sente sozinho nessa missão, revela enquete
73% dos leitores reveleram se sentirem os únicos a cumprirem o isolamento social, já 27% acham que estão acompanhados
Até que não se produza uma vacina eficaz, a atitude mais segura para não contrair o novo coronavírus é ficar em casa, o chamado isolamento social, termo que se incorporou ao cotidiano do brasileiro desde o começo da pandemia.
Mas passados quatro meses da pandemia, como você está se sentindo em relação ao isolamento? Na enquete do Campo Grande News perguntamos: Você sente ser o único que ainda está cumprindo isolamento social?
Para 73% dos leitores que responderam sim, eles se sentem sozinhos nessa atitude. Outros 27% responderam não.
A professora Maria Claudia Cordova Soares cumpre o isolamento à risca. “Eu tive que parar com as minhas atividades físicas. Fazia futevôlei e academia, mas como eu estou em contato direto com meus pais, que são idosos, eu tive que parar para não me expor e me adaptar a fazer atividade física em casa. Mas eu continuo trabalhando, então já me exponho o suficiente indo ao trabalho”.
Ela respondeu “sim” na enquete, porque na maiorias das vezes se sente sozinha nessa atitude. “Sim, as pessoas são muito individualistas. Pensam que só elas estão sofrendo por não poderem sair, que só elas sentem essa necessidade. Como se as pessoas que estão cumprindo o isolamento à risca não sentissem também”, finaliza.
Outra pessoa que também entende ser a única a cumprir o isolamento social é a professora Silvana Maciel. “Saio para praticamente nada. Moro a meia quadra do Extra, só quem vai ao mercado é meu esposo”.
Ela diz que vê o desrespeito à quarentena da janela de sua casa. “Eu fico muito indignada, porque enquanto eu fico em casa cumprindo a quarentena, olhando o movimento da rua pela janela, pessoas agem como se nada estivesse ocorrendo. Brincam com suas vidas e colocam em risco a vida do outro. Me sinto sozinha com as atitudes de cuidado e também no sentido do isolamento em si. Agora está mais tranquilo, mas no início tive crises de ansiedade, pois a sensação de medo é constante.
Silvana faz uma analogia para reforçar a preocupação com os mais vulneráveis. “Dizem que estamos no mesmo barco, mas não é verdade. Alguns estão de transatlântico, outros de iate, um grande percentual de barco a motor, muitos remando e a maioria sem colete salva-vidas”.
Já o estudante Ronaldo Besca acredita existe sim muita gente desrespeitando o isolamento social, e até que pode ser a maioria, mas ele não se sente o único por esse motivo.
“Eu até fico mal em ver tanta gente na rua as vezes, principalmente quando é pra coisas sem necessidade, tipo barzinho e shopping, mas eu também sei que tem muita gente se sacrificando, a grande questão é que podia ser mais pessoas”.
Sobre a possibilidade de as pessoas já estarem calçadas por isso não respeitam o isolamento, Ronaldo ironiza. “Então já começamos cansado aqui em Campo Grande, porque nunca vi respeitar de fato em massa a quarentena”.
De fato os números não ajudam os campo-grandenses. Temos a 3ª pior taxa de isolamento do país, com média de 32,93%. No dia 3 deste mês, o Campo Grande News divulgou a matéria "Bairro chega a 71% de isolamento, mas média na Capital ainda é ruim". Na reportagem, foram publicados dados da pior e melhor taxa de isolamento social em algumas regiões da cidade.
As piores taxas foram registrados nos bairros: Universitário, Jardim Colúmbia, Chácara Cachoeira, Jardim Monte Alegre e Lagoa da Cruz. As melhores foram registradas na Cidade Jardim, Nova Campo Grande, Jardim Nova Jerusalém, Maria Aparecida Pedrossian e Monte Castelo.