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Esportes

Torcida do Operário, uma paixão que nunca morre, ao contrário, se renova

Paulo Nonato de Souza | 06/02/2017 11:26
Fila para o acesso ao setor reservado para a torcida do Operário no jogo de ontem à tarde no Morenão (Foto: PNS/Campo Grande News)
Fila para o acesso ao setor reservado para a torcida do Operário no jogo de ontem à tarde no Morenão (Foto: PNS/Campo Grande News)

A paixão do torcedor pelo Operário Futebol Clube parece mais viva do que nunca. O time que nas décadas de 1970 e 1980 era a marca mais conhecida de Mato Grosso do Sul em nível nacional, e a principal referência do futebol na região Centro-Oeste, entrou em decadência a partir dos anos de 1990, vítima de administrações desastrosas, e andou fora das principais competições estaduais nos últimos seis anos.

Mesmo assim, as cenas de filas nas bilheterias e congestionamentos de carros nos acessos ao Estádio Morenão nos dois jogos que disputou pelo Campeonato Estadual de 2017, exatos 40 anos depois da espetacular campanha do terceiro lugar no Campeonato Brasileiro de 1977, quando ficou atrás apenas do São Paulo, o campeão, e do Atlético Mineiro, vice, mostram que o amor do seu torcedor nunca morre, ao contrário, se renova.

“Vejo que o Operário não perdeu o seu principal patrimônio, a paixão do seu torcedor”, disse o gestor de marketing do clube, o paulista Orlando Arnoud, que trocou o Ituano pelo desafio de trabalhar no Operário, e está no clube desde novembro do ano passado.

Com cinco guichês, o setor de venda de ingressos no lado operariano do estádio ficou congestionado (Foto: PNS/Campo Grande News)
Com cinco guichês, o setor de venda de ingressos no lado operariano do estádio ficou congestionado (Foto: PNS/Campo Grande News)
Como o mando de campo era do Novoperário, ontem a torcida do Operário ficou em um canto do estádio (Foto: Reprodução / Facebook)
Como o mando de campo era do Novoperário, ontem a torcida do Operário ficou em um canto do estádio (Foto: Reprodução / Facebook)

A torcida deu mostra da sua força já na estreia do time no Campeonato Estadual, dia 01 deste mês, uma quarta-feira à noite, quando venceu o Clube União/ABC por 4 a 0.

“Há muito tempo eu não via congestionamento de carros na Costa e Silva (principal via de acesso ao Morenão) em dia de jogo no estádio. Já estava com saudade dessa muvuca”, disse o engenheiro Fernando Augusto dos Santos, de 51 anos, ao falar do “perrengue” que teve de enfrentar no trânsito para ver a estreia do Operário. “Confesso que nunca gostei tanto de um congestionamento. Meu filho adolescente estava comigo e ficou impressionado, não acreditava no que estava vendo, nem eu. Fiquei emocionado”, relatou.

Torcedor do Corinthians, Fernando compara o operariano com o corintiano. “É um tipo de torcedor diferente, que sempre vai apoiar e defender o seu time, independente de qualquer coisa”.

No jogo de ontem à tarde, contra o Novoperário, havia enormes filas nas bilheterias e no portão de acesso ao setor reservado para a torcida do Operário. O mando de campo pertencia ao adversário, que liberou para os operarianos, na condição de visitantes, o lado esquerdo da arquibancada, cinco guichês de venda de ingresso e apenas um portão.

“Falei com a direção do Novo sobre disponibilizar um espaço maior para a nossa torcida. Nada a ver com inversão de mando de campo, apenas por comodidade e respeito a um clube popular que tem 78 anos de história diante de um clube recém fundado. Como não fui atendido, a área central das arquibancadas ficou vazia e nós ficamos encurralados em um canto do estádio”, disse o presidente do Operário, Estevão Petrallás.

Para o professor de matemática Joselio Firmino dos Santos, de 61 anos, que levou o neto de 8 anos ao Morenão, ontem à tarde, ver os torcedores do Operário na fila para comprar ingresso e na fila para entrar no estádio foi como voltar ao passado.

“Quase chorei ao lembrar do jogo contra o Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro de 77. O estádio estava tão lotado, tão lotado, que eu tive de ficar em um cantinho lá junto do placar eletrônico”, lembrou ele, referindo-se ao jogo que registrou o maior público pagante da história do Estádio Morenão com 38.122 torcedores, dia 23 de fevereiro de 1978, vencido pelo Operário por 2 a 0.

O MORENÃO - Principal praça de esportes de Mato Grosso do Sul, o Estádio Pedro Pedrossian, o Morenão, inaugurado em 1971, estava interditado desde setembro de 2014. Foi liberado pelo MPE (Ministério Público Estadual) para voltar a receber jogos na temporada de 2017 após passar por obras de adequação, como instalação de corrimão nas escadarias, hidrantes, reparos em banheiros, troca de torneiras e vasos sanitários, elevação de guarda-corpos nas muretas e sinalização de saídas de emergência.

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