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Jogo Aberto

Deputados têm descontos de até R$ 7 mil em empréstimos

Anahi Zurutuza | 26/12/2022 06:00
Deputado estadual João Henrique Catan durante entrevista na Assembleia. (Foto: Alems/Divulgação)
Deputado estadual João Henrique Catan durante entrevista na Assembleia. (Foto: Alems/Divulgação)

Não tá fácil – Se para o trabalhador comum foi difícil manter a contas em dia em 2022 – quando o endividamento chegou a atingir 80% das famílias, segundo pesquisa divulgada em outubro pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) -, o ano parece que não foi fácil para ninguém. Na Assembleia Legislativa, cinco deputados comprometem parte dos seus rendimentos para pagar empréstimos. João Henrique Catan (PL), que foi reeleito, é quem paga a maior parcela, R$ 7.105,91, conforme o último contracheque, referente ao pagamento do mês de novembro, divulgado no Portal da Transparência da Casa de Leis.

Subsídio – O salários dos deputados estaduais hoje é de R$ 25.322,25 e com os descontos obrigatórios – INSS e Imposto de Renda – cai para cerca de R$ 18 mil. Além de Catan, Rinaldo Modesto (Podemos) e Evander Vendramini (PP) também pagam parcelas salgadas de empréstimos consignados. Os descontos nas folhas dos parlamentares foram, conforme os últimos holerites, de R$ 5.613,03 e R$ 5.180,24, respectivamente.

Mais – Também tiveram de recorrer a empréstimos neste ano, o secretário de Governo, Eduardo Rocha (MDB), que agora têm descontados R$ 3.464,63 do salário e Lídio Lopes (Patriota), que tem saldo de R$ 1.734,21 mensais retido por banco ou operadora de crédito.

Recorde – Conforme o levantamento da CNC, em outubro, 80,3% das famílias que têm renda de até 10 salários mínimos estavam endividadas. Foi o maior patamar já registrado na série histórica da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), que teve início em 2010. Já entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, caso dos deputados, o endividamento atingiu 75,9%.

Sem-ministério – Com o destino ainda incerto, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) passou a integrar o time dos “sem-ministério” que ensaiam protestos contra o nem iniciado governo Lula (PT). Além dela, segundo a Revista Veja, um dos principais nós na definição da composição do primeiro escalão, estão partidos menores, como Solidariedade, PV, Avante e Pros, que compuseram a chamada “frente ampla” para derrotar Jair Bolsonaro (PL) e que estão insatisfeitos com a falta de espaço para eles na Esplanada dos Ministérios.

Proposta – Quanto à Simone, aparentemente, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faz questão de encaixá-la. Na sexta-feira, a convidou para comandar a pasta do Meio Ambiente. Ela não aceitou, para não dar rasteira em Marina Silva (Rede). Agora, conforme apurado pela colunista Andréia Sadi com “fontes próximas ao futuro governo”, ele tenta convencê-la de ficar com o Ministério do Planejamento.

Pensando – A senadora sul-mato-grossense, que ficou em terceiro lugar na disputa presidencial, hesita em aceitar, porque diz não ter afinidade com a pauta econômica do PT. A CNN Brasil diz ainda que a parlamentar já foi cogitada também para assumir as pastas do Turismo e das Cidades.

Inspiração – Ao lado da mãe, Neidinha, a indígena e ativista brasileira Txai Suruí foi homenageada na edição 2022 do Troféu Melhores do Ano, no programa Domingão com Huck, da Rede Globo. No discurso, ao falar da luta dos povos originários brasileiros, a jovem citou a execução de indígena guarani-kaiowá, provavelmente referindo-se ao assassinato de Estela Vera, 67 anos, importante liderança território Yvy Katu, Aldeia Porto Lindo, em Japorã, cidade a 467 quilômetros de Campo Grande.

Denúncia – A jovem, que ficou famosa ao discursar na Conferência do Clima das Nações Unidas, pertence aos suruí, do Norte brasileiro, mas se lembrou das outras etnias. “Queria dedicar essa homenagem ao meu povo e a todos os povos indígenas desse País, há mais que de 500 anos estão lutando pelos nossos territórios, para que a gente continue vivo”, afirmou e completou, em tom de denúncia: “Essa homenagem é também para todos aqueles que foram assassinados durante esse ano. Nos últimos dias, nós tivemos mais uma liderança guarani-kaiowá assassinada. Eu não podia deixar de subir aqui sem fazer essa denúncia, porque esse chão que estamos pisando é terra indígena”.

De Dourados – Outro homenageado foi Edson Leite, que conforme descrito pela Globo “cresceu entre as ruas das quebradas da cidade de Osasco, na Grande São Paulo e também do Jardim São Luís, bairro da zona sul da capital paulista” e depois de morar em Portugal, se tornou chef de cozinha. De volta ao Brasil, criou a ONG Gastronomia Periférica, uma escola de culinária na favela. A surpresa veio quando Leite decidiu fazer a própria audiodescrição, para que os telespectadores cegos pudessem conhecê-lo. Ele disse ser afroindígena e revelou estar usando colar “da tribo guarani de Dourados, Mato Grosso do Sul”, como parte da roupa escolhida para a noite.

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