Vereadores quebram clima de paz e disparam contra prefeito
Diabo – O ambiente de paz e harmonia na Câmara Municipal, registrado na primeira sessão do ano, foi quebrado ontem pelos únicos vereadores que se ausentaram na terça-feira. Paulo Siufi (PMDB) e Airton Saraiva (DEM), declarados adversários do prefeito, Alcides Bernal (PP), ocuparam mais de uma hora de tribuna para criticar o chefe do Executivo da Capital, que foi chamada de “Bernáquio”, em alusão a Pinóquio, e até de “diabo” pelos dois parlamentares.
Sustado – Para Siufi, a sessão de terça-feira, que ele diz ter assistido pela televisão, foi um circo armado pelo prefeito. Já Saraiva, entre outras coisas, quer que os colegas votem na próxima semana a sustação do decreto de situação de emergência em Campo Grande.
O alvo – O decreto de emergência publicado no fim de dezembro pelo prefeito, aliás, foi o grande alvo das críticas dos parlamentares na sessão de ontem. Siufi reiterou que, levando em conta a medida, fiscalizará onde o prefeito está gastando o dinheiro do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Saraiva informou que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) solicitou à Prefeitura cópia de todos os contratos assinados após a publicação do documento.
Intervenção – Segundo Saraiva, se em 15 dias Bernal não enviar as documentações solicitadas, levará o assunto ao MPE (Ministério Público Estadual), acusando o prefeito de sonegar informação. Ameaçou até pedir intervenção na Prefeituta de Campo Grande.
Saci não – Foi tanta crítica de vereadores a Bernal que quase respingou em colega de plenário. Saraiva disse, na tribuna, que em certa ocasião o prefeito teria revelado a intenção de "ir até o inferno" para cassar os 23 vereadores, por conta da cassação dele próprio, pela Câmara, em 2014. Lembrando dito popular de que o “inferno é aqui na terra”, Saraiva disse: “se o inferno é aqui, o prefeito deve ser o diabo, o cão ou o saci”. Bem perto dele estava o vereador Saci (PRTB). De pronto, Saraiva corrigiu: “saci não, saci é do bem”. Não restou um no local que não caísse na gargalhada.
Ditadura? – Servidores e assessores da Prefeitura têm dificuldade em compreender que prédios municipais são públicos e a imprensa, livre. Ontem, nas obras da UPA das Moreninhas, guardas municipais obrigaram equipe do Campo Grande News a sair do prédio. Disseram, entre outras coisas, que só seria permitido acesso com autorização da assessoria. Por despreparo ou por confundir jornalistas com vândalos e criminosos, a equipe de segurança foi reforçada no local em questão de minutos.
Abandonada – Detalhe: a obra da UPA das Moreninhas ficou parada por pelo menos três anos. Neste período de abandono, foi depredada e pichada. Não havia um guarda municipal sequer lá, na época, para evitar os danos ao patrimônio público.
Mãos atadas – O governo do Estado se vê de mãos atadas em relação às obras do Aquário do Pantanal, em Campo Grande. Segundo o secretário estadual de Infraestrutura, Marcelo Miglioli, é preciso liberação judicial para que seja dado prosseguimento ao projeto em âmbito administrativo. No fim de janeiro, foi dado 20 dias úteis para Executivo e a construtora Egelte cheguem a um entendimento. O prazo termina em meados de fevereiro.
Corrigido – O deputado estadual Pedro Kemp (PT) voltou a criticar a CPI Cimi, barrada judicialmente, e elogiou a decisão da Justiça. Disse que um erro havia sido corrigido. Também pediu aos deputados que, antes de abrir uma investigação, estudem um pouco mais para que depois ela não seja derrubada nos tribunais.
Respingos – Já se preparando para disputar a reeleição em Ponta Porã, Ludimar Novais (PDT) trocou o articulador político no fim do ano passado e colocou na Secretaria de Governo o ex-vice-prefeito Eduardo Esgaib Campos, que já tinha ocupado o cargo na gestão de Flávio Kayat (PSDB). Só que a investigação do MPE (Ministério Público Estadual) sobre os negócios da prefeitura com a família Uemura na época que Kayatt era prefeito pode respingar em Campos, que já tinha sido implicado na Operação Owari.
(com a redação)