Bolicho na frente de casa moderna é lembrança com mais de 50 anos
No mesmo terreno, casinha de madeira caindo aos pedaços é restinho da lembrança da mercearia da família
Na Vila Marcos Roberto, existe uma casinha de madeira caindo aos pedaços que teima em ficar em pé. Nos fundos, um projeto moderno é o contraste que chama atenção de quem passa.
A maior curiosidade é porque até hoje, a memória continua ali. Na década de 70, o endereço era de um bolicho que pertencia à família dona do terreno. Hoje, o telhado praticamente não existe do lado esquerdo, mas as portas seguem originais, todas quebradas.
Hoje, quem vive no local é a professora Camila Rodrigues Farias, de 36 anos, com a mãe, a comerciante Abadia Cristina da Silva, de 59 anos. “Antes, aqui eram três peças: duas casinhas de madeira no fundo e o bolicho na frente”, comenta Abadia. O terreno pertence à família do motorista e pai de Camila, Francisco Rodrigues Faria, de 58 anos, que hoje já não mora na mesma casa.
Dona Dalva Francisca de Jesus Farias, mãe de Francisco, era comerciante e comprou o bolicho que já existia sabe-se lá há quanto tempo. “Mais ou menos na década de 70, eu, minhas irmãs e minha mãe fomos morar aí. Ela [a mãe] comprou o prédio e a gente tocou o comércio por um tempo”, lembra Francisco. De acordo com ele, a casinha passou por algumas reformas. A cor ainda é a original.
Nas casas dos fundos, era onde moravam os filhos de dona Dalva. Francisco e Abadia, quando ainda eram casados e chegaram a tocar o bolicho também.
Por fim, décadas depois, cada um tomou seu rumo até que por fim, só restaram Camila e Abadia. As casinhas nos fundos foram demolidas e deram espaço à casa de alvenaria, mais moderna. Camila, que gosta de fazer trabalhos artesanais em madeira, pegou pedaços da casa antiga e usou como decoração.
“A gente pensou nessas pequenas coisas juntas. Assim, tem pedaços da antiga casa ainda por aqui. E aos poucos, a gente vai fazendo tudo”, ressalta Camila.
Hoje, o bolicho na frente da casa serve como oficina e quarto da bagunça. Por pouco não foi demolida. Estava nos planos, mas veio a pandemia. Mesmo assim, é projeto para os próximos anos tirar a velha casa do cenário do bairro, após décadas. Do que fica do bolicho, são apenas as fotos e as lembranças.
“A Camila quando era pequenininha, gostava de pegar os ovos que estavam pra venda e derrubar no chão. Ela pegava um por um e derrubava, o pai dela ficava bravo”, lembra Abadia.
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