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Arquitetura

Com 50 anos, antiga Tinturaria Tibana é história que desbota

Koyo Tibana veio de Okinawa, foi alfaiate de ternos de linho e tintureiro especialista em chapéus

Ângela Kempfer | 07/12/2021 07:03
Portas, fechadura e maçaneta são originais. (Foto: Ângela Kempfer)
Portas, fechadura e maçaneta são originais. (Foto: Ângela Kempfer)

Ao longo dos anos, as portas fechadas foram mudando a cor da antiga Tinturaria Tibana, no Bairro Monte Líbano. As paredes de alvenaria, descascadas, confundem de tal forma, que a gente não consegue perceber se o tom original um dia foi vermelho ou amarelo.

Mas a estrutura segue em pé, com as mesmas portas de madeira e as maçanetas, hoje, enferrujadas, que por mais de 50 anos abriam às 7h e só fechavam às 18h.

A família é uma entre tantas que vieram de Okinawa, no Japão. Koyo Tibana e a esposa Yoshi Tibana chegaram de navio e por aqui tiveram 6 filhos.

Prédio da antiga tinturaria no Bairro Monte Líbano. (Foto: Ângela Kempfer)
Prédio da antiga tinturaria no Bairro Monte Líbano. (Foto: Ângela Kempfer)

Primeiro, o alfaiate Koyo Tibana confeccionava ternos em linho para os homens bem vestidos de Campo Grande. Mas ficou mais barato comprar roupa pronta e a alfaiataria virou lavanderia.

Lá pela década 1970, Tibana lavava, passava e tinha como uma das especialidades, a limpeza de chapéus. “Mais aí todo mundo deixou de usar chapéu também, né”, lembra Cecília Tibana, a filha dos donos dos imóveis, já falecidos.

Vieram as máquinas de lavar, os clientes foram sumindo e a aposentadoria chegou como consequência. As portas fecharam e logo depois, o empresário morreu.

Ainda de madeira, a casa onde a família Tibana morava. (Foto: Ângela Kempfer)
Ainda de madeira, a casa onde a família Tibana morava. (Foto: Ângela Kempfer)

Patrimônio histórico

O prédio da antiga tinturaria é um entre 3 que desenham o passado da família Tibana no bairro. Do lado direito, a casinha de madeira foi levantada pelo próprio tintureiro e virou morada dos pais e dos 6 filhos.

Do lado esquerdo, o imóvel é mais novo, tem dois pavimentos, mas também não vê manutenção há anos. É um cenário que dura décadas, sem previsão de mudar. “Não temos nenhum interesse em vender”, diz seu Francisco, esposo de Cecília, sem explicar o motivo.

O casal não vive ali, mas diariamente vai até o local organizar uma parte do amontoado de coisas acumuladas por anos. Em 2020, o irmão que vivia ali morreu, e coube à Cecília e o marido assumirem a empreitada de separar o que ainda vale e o que já perdeu a serventia.

Desconfiados, os dois falam pouco, uma complicação extra diante dos latidos incessantes da vira-lata Mel. Não aceitam abrir as portas da antiga tinturaria, porque "virou depósito". Não querem fotos, porque dizem estar "muito feios", mas aos 63 anos, Dona Cecília ajuda a compartilhar um pouco do passado do prédio antigo, que faz parte da história da imigração japonesa para Campo Grande.

A parte mais nova do imóvel, do lado esquerto do prédio histórico. (Foto: Ângela Kempfer)
A parte mais nova do imóvel, do lado esquerto do prédio histórico. (Foto: Ângela Kempfer)

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