Com ar de chácara, selaria é refúgio de Abdo no meio do Itanhangá
Local é onde ele trabalha e também recebe os amigos para tomar um tereré com o ar de campo
No Bairro Itanhangá Park, a Selaria Tereré já existe há 36 anos. O dono, Abdo Jorge Karmouche, de 64 anos, brinca que sempre ouve as pessoas estranhando que ele é o artesão. “As pessoas perguntam: ‘Onde já se viu um turco fazer sela?’. Mas te digo ainda mais: não só faz sela, como também toma chimarrão três vezes por semana com um japonês”, se diverte.
A selaria fica em meio a um terreno que mais parece uma pequena chácara no meio do bairro. O terreno pertencia à família de Abdo, que é parte libanesa. O pai, Georges Abdo Karmouche, faleceu aos 94 anos.
“Esse terreno aqui era uma grande fazenda que pertencia à família Vendas. Eles dividiram em várias chácaras de 1 hectare e minha família comprou uma dessas chácaras. Esse pedaço aqui era de um tio meu que me cedeu aqui então. E aqui estou desde 1980 e poucos”, relembra.
O negócio começou na Costa e Silva, até que por fim, terminou no Itanhangá. “Minha mulher sempre quis vir pra cá, então, nos mudamos há 7 anos. Tudo isso aqui antes era selaria, mas agora, tem a casa que eu, inclusive, ainda estou terminando alguns cômodos”, detalha.
Há couro por toda parte, além de várias armações de sela. Abdo começou quase que sem querer a trabalhar com selas. “Na época, eu tinha uma armazém de cimento. Conheci dois irmãos, um deles foi para Piracicaba, o outro ficou aqui. Me falavam sempre: por que você não abre uma selaria junto com o Adão? Foi então que começou”, comenta.
Ao ser questionado se não prefere montar o negócio no Centro, diz que não troca aquela região por nada. “As pessoas me perguntam porque eu não vou para o Centro, pois é lá que estão as outras selarias. Mas aqui a sensação é quase de estar na fazenda, é muito gostoso. Tirando os pernilongos”, brinca.
Abdo é um dos poucos, se não o único, que ainda faz selas artesanalmente. Se orgulha de não abrir mão de materiais de qualidade das selas típicas do Pantanal e de fazer todos os processos à mão. Além disso, uma das satisfações dele é que ali é praticamente um ponto de encontro entre os amigos.
“Eu gosto da casa cheia, herdei isso do meu pai. As pessoas vêm aqui, tomam um tereré ou ficam só conversando. E todos falam: que aqui a sensação é de fazenda. Quando não estão aqui, é porque estão na fazenda mesmo. Mas o pessoal vem até em dia de domingo”, reforça.
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