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Arquitetura

Em 2 anos, Marcelo construiu casa dos sonhos sem derrubar árvore

Biólogo ficou anos tentando comprar terreno, até conseguir e morar em meio à natureza

Thailla Torres | 19/07/2022 10:07
Casa fica em meio as aroeiras e ipês que estão plantados há decadas em terreno. (Foto: Kísie Ainoã)
Casa fica em meio as aroeiras e ipês que estão plantados há decadas em terreno. (Foto: Kísie Ainoã)

Entrar na casa do biólogo, arquiteto e fotógrafo Marcelo da Silva Oliveira, de 58 anos, causa um impacto inevitável. As árvores com mais de 20 ou 30 metros de altura dão boas vindas e mostram criatividade do dono para o projeto. Ele construiu uma residência de aproximadamente 330 m² em uma área de 720 m² sem derrubar nenhuma árvore da “floresta” que ali existia antes do terreno ser vendido.

Não dá para negar que, por um instante, o olhar impactado pela beleza da casa é desviado para os mais de 5 sacos lotados de folhas recolhidas no dia em que a reportagem chegou à casa. Dá para imaginar o trabalho que é morar coberto por nove árvores enormes. Porém, isso se tornou um detalhe quase insignificante perto de toda felicidade de Marcelo e os pontos positivos da casa: sempre fresca, com aroma de natureza e o barulho dos pássaros em todas as horas do dia.

Casa é praticamente sem barreiras, com quase todas as divisórias de vidro. (Foto: Kísie Ainoã)
Casa é praticamente sem barreiras, com quase todas as divisórias de vidro. (Foto: Kísie Ainoã)

Ainda que passe o ônibus na rua de Marcelo, ao passar pelo portão as árvores “blindam” qualquer barulheira cansativa. Ficam apenas o som do balanço dos galhos e dos bichos. Em finais de semana, tem ainda o sorriso de amigos, que não dispensam a casa de Marcelo por considerarem o lar um paraíso.

A casa praticamente sem barreira, com muitas portas de vidro, para conectar visualmente todos os espaços e a natureza presente foi um sonho perseguido por Marcelo.

É isso mesmo: o morador "perseguiu" a região durante anos até finalmente ter a chance de comprar o terreno e construir um lar dos sonhos do zero sem derrubar as árvores.

“Eu passava aqui há muito anos. Inicialmente eram cinco lotes que tinham um bosque. Até que um dia vi a placa de vende-se, mas o proprietário só queria vender todos”, lembra. Foram anos passando na frente do local até que surgiu a oportunidade de comprar a área onde estavam as árvores.

Marcelo é biólogo, arquiteto e fotógrafo apaixonado pela natureza. (Foto: Kísie Ainoã)
Marcelo é biólogo, arquiteto e fotógrafo apaixonado pela natureza. (Foto: Kísie Ainoã)
Beleza do lugar está em diversos detalhes. (Foto: Kísie Ainoã)
Beleza do lugar está em diversos detalhes. (Foto: Kísie Ainoã)

Depois que comprou, foram nove anos com o projeto da casa parado na gaveta, até que em 2019 ele resolveu construir. No decorrer da obra o projeto foi ganhando outras formas, mas um detalhe permaneceu: a casa é que precisava se conectar com a natureza, não o contrário. Por isso, a regra foi clara: as árvores não podiam ser derrubadas.

“Não mantive apenas uma árvore, mantive diversas espécies. Em volta dela, nos galhos dela, estão outros seres que ali vivem, se alimentam e formam uma natureza tão rica. Por isso, quando derrubamos uma árvore que seja, estamos derrubando diversas espécies”, justifica o fotógrafo.

Aliás, sua paixão pela natureza não é de hoje. Como fotógrafo, ele já viajou fotografando as belezas e o encanto da natureza, especialmente do Pantanal. Por isso, manter a natureza por perto faz ainda mais sentido.

Das antigas, são 9 árvores. Um ipê amarelo, dois ipês roxos e 6 aroeiras. Quando chegou à área, ele ainda plantou mais dois ipês.

Casa tem sido decorada aos poucos por Marcelo. (Foto: Kísie Ainoã)
Casa tem sido decorada aos poucos por Marcelo. (Foto: Kísie Ainoã)
Sala é integrada com área gourmet. (Foto: Kísie Ainoã)
Sala é integrada com área gourmet. (Foto: Kísie Ainoã)

A casa tem duas suítes, um escritório, sala integrada com gourmet e cozinha. Sem exageros, ele mantém em meio a arquitetura contemporânea uma decoração afetiva com obras de arte e fotografias. As cores suaves não destoam da natureza em volta, só realçam a beleza que ali, uma vez ao ano, floresce e proporciona um tapete de flores.

Na garagem, um Bugue com mais de 20 anos de história virou companheiro de estrada. O veículo é usado por Marcelo quando a vontade de fotografar por aí bater. “Eu lembro de observar a paisagem enquanto viajava no carro do meu pai. Pensava que quando eu crescesse queria ter um carro para fotografar, por isso, investi no Bugue”, lembra.

A piscina é o “Formosinho” de Marcelo, uma referência às águas de Bonito que são sempre mais geladas em qualquer mês do ano e ali parece ter a mesma temperatura por causa das árvores.

Confira a galeria de imagens:

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E o restante da casa é o refúgio do dono e a felicidade de quem é chamado ali para uma visita. É uma casa para amar, com luz natural e detalhes que foram pensados para quem entrar ali ser feliz.

“É claro que já me perguntaram porque eu escolhi morar aqui, e digo que é um sonho e não vejo lugar melhor”, finaliza Marcelo, que ainda presenteou a equipe com horas debaixo das árvores e fotografias feitas ao longo dos anos no Pantanal.

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