Escolhas que despertam afeto transformaram essa casa alugada
No estilo “faça você mesmo”, a artista visual Maria Angélica decorou com todo charme a casa que divide com um amigo
Quando chegou à casa alugada, na Vila Sobrinho, para morar no início de 2019, a artista visual e encadernadora artesanal Maria Angélica Chiang, de 30 anos, sabia que a casa pedia por cuidados. Sua escolha e de mais dois amigos à época foi fazer poucas reformas e trocar a pintura. A decoração foi acontecendo sem grandes planejamentos, mas com o tempo se tornou morada cheia de afetos.
Hoje, Maria divide a casa só com um amigo, o fotógrafo Everson Tavares, que adora compartilhar detalhes da decoração que surge através da criatividade de Maria.
“A decoração começou a aparecer quando surgia uma vontade. Um exemplo é a sala que tem duas paredes completamente diferentes. Um dia tive vontade de uma parede verde com rosa e noutro uma cinza, pintei uma de cada, e assim estamos indo”, conta a artista visual.
A decoração toda da casa é como um caderno que reúne anotações sobre o que desperta afeto em Maria. “Acho que é mais isso do que de fato uma decoração, acho que eu não penso em decoração quando vou juntando as coisinhas todas por aqui, é um todo de “bagulho” e extensão do que passa desde adentro”, descreve.
Bagulho é o nome que ela dá aos itens pelos quais tem carinho e vai juntando ao longo da vida.
Na casa, além de além de pintar as paredes, Maria ainda fez alguns móveis como prateleiras e mobília do seu ateliê. Investiu na iluminação também e apostou numa rede no meio da sala.
As paredes transbordam afeto, cada item significa uma escolha coerente para Maria que admira e valoriza artistas amigos. “São trabalhos que gosto e acompanho pelo Instagram. Algo em comum entre todos é que são artistas independentes, fora do eixo comercial da arte, e esse caráter, cria uma relação de mais afinidade ainda entre mim e esses trabalhos que escolho ter comigo, por ser também uma artista construindo seu caminho por aí".
Arte pela casa – Na parede rosa e verde tem uma risografia de Ana Costa. “Eu tenho apreço especial pelas artes gráficas, é uma das linguagens da arte em que mais me dedico também”, cita. A risografia é um tipo de impressão que fica entre a impressão mecânica e digital, seu processo resulta nuns trabalhos com um toque de imperfeito e único, ainda que uma mesma imagem seja reproduzida inúmeras vezes tem algo do sentimento de “feito a mão” que fica.
Tem uma cerâmica de Poppy Carpio. “Poppy trabalha necessariamente a partir de questões íntimas ao universo dele e isso está impresso em cada obra que cria, a cerâmica dele me conecta a esse espaço tempo que em algum momento é meu também”.
Outro item presente é a colagem de Júlia Beatriz, jornalista. “A colagem de Júlia é uma janelinha a mais na parede, esse espaço do vazio na imagem é um convite pro imaginar de quem se relaciona com ela, quem olha faz parte, se faz artista junto de Júlia”.
Tem também cianótipo de Helen Carpiné, uma impressão artesanal resultado de um processo fotográfico que usa sais de prata e luz do sol para imprimir imagens em azul. “Olhando de pertinho o azul dum cianótipo se faz mar e transporta pra longe”.
Maria ainda cita o bordado de Suzana Miranda, artista que desenha costurando. “É um lembrete de que desenhar tem disso também, do trabalho ponto a ponto, do “o trabalho é diário” de Ana da risografia”.
A decoração é complementada com fragmento de experimentos de Maria, uma impressão em carimbo feito a mão e uma monotipia. Por vezes ela vai recortando partes que gosta e guardando, pendurando, acomodando. São partes de projetos que foram para frente, e as vezes de outros, que não foram, mas que assim mesmo no caminho se fizeram bonito para Maria.
Logo em frente a parede rosa e verde tem duas telas de Ilca Galvão que ocupam o cinza todo da parede sob elas. É a mata e a água representadas nas imagens de Oxôssi e Oxum. “Mais ao lado tem um cantinho de altar que reúne imagens várias que estendem conexão a todos os outros elementos da casa com o universo de afetos que me constroem".
A casa é cheia de bagulhos e coisinhas, como Maria gosta de descrever, tem ainda peças indígenas, cerâmicas, cestaria, fotos da família junto de um mini altar que a conecta espiritualmente e várias plantas.
“As pessoas que chegam aqui e costumam comentar sempre de cara que a casinha dá paz”, finaliza.
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