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Arquitetura

Inacabada, casa tem fama de mal-assombrada e dono morre de ciúmes

Proprietário não sabe quando começou a construção e aparenta não ter pressa para terminá-la

Jéssica Fernandes | 10/12/2021 08:34
Residência fica no cruzamento das ruas da Pátria e Califórnia. (Foto: Marcos Maluf)
Residência fica no cruzamento das ruas da Pátria e Califórnia. (Foto: Marcos Maluf)

A casa de esquina é o típico lugar que desperta simultaneamente curiosidade, admiração e um pouquinho de assombro. Há quanto tempo a estrutura está lá e por qual motivo continua inacabada são perguntas que só o dono poderia responder.

Envolta de mistérios, a residência é um prato cheio para a imaginação fértil dos moradores do Bairro Vila Taveirópolis. A má fama da residência e os boatos de que a mesma é mal-assombrada rendeu pedidos para que a história dela fosse contada pelo Lado B.

Localizada no cruzamento das ruas da Pátria e Califórnia, o imóvel chama a atenção de longe devido a altura das colunas, o telhado triangular e as três claraboias. Nas duas portas de aço, como as encontradas nos comércios da cidade, pichações e ferrugem viraram um só. A tinta branca também ficou perdida em meio a infiltrações, sujeira e parte dela já está descascada.

Apesar de todos esses fatores, que são reflexo do abandono, o lugar tem um charme, talvez pela sacada, as claraboias ou ambas as características. Isso tudo porque o modelo de arquitetura dela é diferente do convencional e pouco comum em Campo Grande.

Lateral da residência apresenta degradações devido ao tempo. (Foto: Marcos Maluf)
Lateral da residência apresenta degradações devido ao tempo. (Foto: Marcos Maluf)

A Rua da Pátria é um lugar um pouco pacato, sem grande movimento de pedestres e silenciosa ao ponto de nem latidos de cachorro serem ouvidos na hora do almoço. Nos 20 minutos de reportagem, o máximo de ruídos na rua foram os gritos de algumas crianças. Neste ponto, a casa bem que combina com o lugar onde foi construída, pois tudo tem um ar de atípico.

Uma moradora muito simpática, que se identificou apenas pelo apelido, relata que a construção não tem nada de mal-assombrada, mas gostaria que a mesma fosse ocupada por alguém. “Eu nunca ouvi, nem vi nada, faz mais de 10 anos que eu moro aqui e ela está assim. Eu fico doida pra morar gente aí, pra animar também”, fala. Embora o lugar seja abandonado, ela relata que a casa não é fonte de problemas. “Ninguém invade aí não, aqui é sossegado”, afirma.

Depois dela indicar o endereço do proprietário, o Lado B seguiu ao local e encontrou o homem. Questionado se era o dono, ele respondeu prontamente com uma outra pergunta: “Sim, por quê?”. Apesar da conversa não ter começado muito amistosa e cheia de desconfiança, Marcos, como se identificou posteriormente, falou sobre o lugar.

De primeira, Marcos desmentiu os boatos tenebrosos. “Ela não tem nada de assombrada, o povo que é desocupado. O modelo dela é sueco, isso aqui no Brasil, você não acha, talvez em Santa Catarina”, diz. Aos poucos, ele começou a revelar detalhes que só alguém que já entrou no espaço poderia saber. “Eu sempre tô indo lá, porque faço a pulverização, ela é cheia de quartos, mas é uma casa simples. O pessoal fala que é castelo, mas tá longe de ser. A telha é de cerâmica e veio de longe, assim como o madeiramento e as vigas de peroba rosa”, explica.

Fachada da residência. (Foto: Marcos Maluf)
Fachada da residência. (Foto: Marcos Maluf)

Marcos sente ciúmes da casa e não gosta de ver estranhos passando e fazendo imagens. “Eu fico cuidando, porque de vez em quando, tem um que para e tira foto, eu boto para correr”, revela. Em relação à idade do imóvel, o homem é enfático. “Eu não tô contando o tempo não”, pontua. Se um dia terminar o processo, ele responde. “O importante é saber o que você quer, mas o problema é achar mão de obra”, finaliza.

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