Longe de rústico, fazendas eram inspiradas em estilo 'exagerado'
Arquiteto pesquisou sobre edificações de Rio Brilhante e notou que estilo remete ao ecletismo
Durante os últimos sete anos, o arquiteto Fábio Fernando Oliveira começou a pesquisar sobre a arquitetura de Rio Brilhante e notou que o estilo adotado pelas fazendas até a década de 1950 foi o ecletismo. Na prática, a escolha está bem longe do ideal “rústico” que, geralmente, é associado ao mundo rural e mistura vários estilos do passado até exagerando nos detalhes.
Tomando o tema como ponto de sua tese de doutorado, Fábio comenta que decidiu transformar os conhecimentos adquiridos em um livro que será lançado no dia 26 deste mês. Mas, enquanto a obra completa não é divulgada, ele narra que parte de suas observações já estão disponíveis ao público através de artigos científicos.
E, para mostrar na prática que Mato Grosso do Sul é bastante rico em sua arquitetura, o arquiteto selecionou algumas sedes de fazendas que trazem referências do que o Estado tinha como ideal na época.
“Nós fomos a Rio Brilhante e entrevistamos familiares, pessoas que conviveram com os proprietários da época. Entendemos como a cidade funcionava e, logo no início, percebemos que a rua principal de Rio Brilhante era quase toda no estilo eclético, assim como muitas fazendas”.
Para Fábio, entender que, apesar de existirem outras cidades mais conhecidas quando o assunto é arquitetura em MS, Rio Brilhante também pode ser um dos focos de estudo. “Fui a fundo na pesquisa e vimos que a cidade integrava o ciclo econômico e isso refletiu na construção das fazendas. Por exemplo, encontramos até mármore carrara italiano”, diz.
Talvez uma das construções que mais chame atenção por seu estilo, a Fazenda Triângulo, de 1945, é uma das representantes do ecletismo, citado por Fábio. Em um de seus artigos, que compõem o livro, ele narra que o espaço era a antiga residência de Gumercindo Barbosa, um fazendeiro famoso da época.
“Dentre os materiais utilizados na construção, se destacam alvenaria de tijolos maciços revestidos com argamassa, aberturas retangulares com quadros e vedos de madeira e vidros martelados”, explica.
Mas, o grande destaque é a variedade de elementos, como pontua o arquiteto. “A estrutura é de madeira, coberta por telhas de barro, com o desenho da cobertura variando entre duas e três águas. O conjunto de elementos decorativos da obra é marcado pelo exagero de detalhes e ornamentos, uma inspiração do estilo eclético”.
Ainda falando de fazendas, outra inspiração do mesmo estilo é a Fazenda Vira Mão, de 1941. “Era referência de conforto na região. Pertenceu a Estevão Gonçalves Barbosa Marques e depois à sua filha”.
De acordo com o arquiteto, a construção possui aberturas retangulares cobertas com telhas de barro. “Também possui aberturas retangulares com vedos em madeira e vidros” e, internamente, até papel de parede foi aplicado nas varandas.
Já retornando para o centro da cidade, Fábio destaca o sobrado construído para a família Barbosa Martins antes mesmo da fundação do município, em 1914. Na época, o edifício foi levantado com materiais vindos de fora do Brasil e já foi usado até mesmo como prefeitura.
Para mais curiosidades sobre a arquitetura de Rio Brilhante, o livro do arquiteto será lançado no dia 26 deste mês, às 20h, na Biblioteca Estadual Dr. Isaias Paim, localizada na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559.
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