Padaria, moinho de trigo e prefeitura do século passado serão tombados
Padaria e Prefeitura Cuê receberam aprovação de conselho estadual para serem preservados legalmente
Integrando o patrimônio histórico de Mato Grosso do Sul, duas construções de Porto Murtinho criadas no século passado guardam desde forno até resquícios de cinema em seu interior. Agora, a Padaria e Prefeitura Cuê serão protegidas pelo poder público uma vez que serão tombadas pelo Governo do Estado.
A decisão foi divulgada em publicação no Diário Oficial Eletrônico de Mato Grosso do Sul nesta quarta-feira (21) após reunião do Conselho Estadual de Políticas Culturais do Mato Grosso do Sul. Com o tombamento, os objetivos envolvem preservar as construções para que não sejam destruídas ou descaracterizadas.
Finalizada em 1928, a Padaria Cuê, que hoje se chama Museu Dom Jaime Anibal Barreira em homenagem a seu fundador, foi produzida para abrigar um moinho de trigo e funcionar de fato como padaria. “Uma construção com elementos de arquitetura industrial trazidas da Europa e América do Norte para o Brasil, com a fachada toda em tijolo cerâmico queimado aparente, decorrentes da Revolução Industrial e retomada no século XX”, relata a publicação no Diário Oficial.
Em uma produção da Prefeitura, o historiador Braz León apresenta o atual museu que conta com mais de dois mil itens em seu acervo. Conforme ele conta, o prédio era usado como padaria embaixo e como residência na parte de cima.
Na primeira sala, os visitantes têm contato com trabalhos de indígenas kadiwéu, etnia que integra seis aldeias no município. O segundo espaço possui itens do antigo cinema da cidade e da 2ª companhia militar da fronteira.
Por último, a terceira sala exibe o histórico dos fundadores da padaria, além de preservar o forno a lenha com portas de ferro em que a produção era assada.
O segundo prédio é conhecido como Prefeitura Cuê, o atual Edifício Jorge Abrão. Também criado no século passado, é definido pela ata do Conselho Estadual de Políticas Culturais do Mato Grosso do Sul como uma construção vinculada a ideias do neoclássico e traços do colonial brasileiro.
“Foi construído entre 1920 e 1922 pelo uruguaio José Grosso Ledesma, para ser a Prefeitura do município. Em 2005, após revitalização, voltou a abrigar o Paço Municipal. O edifício retrata o poder econômico da época no município, período de grande desenvolvimento econômico e cultural para o Estado”, descreve o informativo da prefeitura.
Ainda segundo o histórico municipal, a construção quase foi destruída devido às obras do dique que circunda a cidade. “A edificação é isolada em dois pavimentos, simétrica, planta em U. fundação e alvenaria estrutural de tijolo maciço e concreto revestidos de argamassa, aberturas com quadros e vedos de madeira, telhas de barro e piso de madeira”.
Conforme a ata publicada sobre a reunião do Conselho Estadual de Políticas Culturais, não há nenhum impedimento para a aprovação definitiva do tombamento. Segundo a Fundação de Cultura, o texto segue para submissão do Governador do Estado.
Para o superintendente do Iphan/MS (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), João Santos, o tombamento definitivo das duas construções é motivo de comemoração para todo o Estado.
“Nós estamos falando de dois representantes da arquitetura vinculada ao Ciclo da Erva Mate. que teve uma produção arquitetônica significativa e com influências estilísticas que estão presentes em cidades históricas da nossa região”, explica o arquiteto.
Outro ponto é que o tombamento por parte da Fundação de Cultura também é algo a ser destacado, conforme João defende. “A gente vê nesta iniciativa tanto de tombamentos municipais quanto de estaduais o efeito cumprimento do pacto federativo. A Constituição Federal garante que é dever e obrigação dos municípios, estados e governo federal a preservação e promoção do patrimônio cultural brasileiro”.
Especificamente sobre os edifícios, o superintendente detalha que ambos contam um pouco sobre a nossa história.
“Contam a história da região sul do Estado, é uma forma de preservar nossa identidade e valorizar nossa histórica. São duas edificações belíssimas que poucas pessoas conhecem. Porto Murtinho tem um acervo arquitetônico riquíssimo”, detalha João.
Completando, João relata que esse pode ser apenas o pontapé para que a região sul do Estado seja reconhecida como uma área composta por muita riqueza histórica, principalmente vinculada ao ciclo da Erva Mate. “No fim, todo mundo ganha, principalmente as gerações futuras porque essa história continuará sendo contada”.
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