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Arquitetura

Portinha no Leblon tem relíquias e 30 anos de história de cabeleireiro

Discos de vinil e até um telefone público foram alocados na decoração para lembrar a passagem do tempo

Aletheya Alves | 03/03/2022 07:40
Rogério Viana da Silva é cabeleireiro há 30 anos no Jardim Leblon. (Foto: Aletheya Alves)
Rogério Viana da Silva é cabeleireiro há 30 anos no Jardim Leblon. (Foto: Aletheya Alves)

Na Avenida Cuiabá, espremida entre duas casas, uma “portinha” no Jardim Leblon guarda a história dos 30 anos de Rogério Viana da Silva como cabeleireiro. Vendo o bairro se desenvolver, o profissional resolveu continuar no mesmo endereço e preencher o espaço com memórias que vão de discos de vinil até um telefone público antigo.

Entre as quatro paredes, uma cadeira divide a área com decorações que foram sendo construídas com ajuda da clientela do cabeleireiro no decorrer dos anos. Ele relembra que resolveu seguir a profissão ainda com 19 anos e, desde então, se instalou no Leblon.

A escolha da profissão veio com a necessidade e, antes de escolher viver com o salão, cogitou fazer um curso de datilografia. Na época, as aulas estavam concorridas e por não conseguir sua vaga, decidiu tentar ser cabeleireiro.

Tinha dois terrenos de cada lado, sem asfalto e nem o terminal de ônibus ainda. Na época, não tinha tanto salão aqui e a maior parte dos meus clientes mais antigos já morreram, para ser sincero”, conta.

Aparelhos de rádio e toca discos incorporados em móvel. (Foto: Aletheya Alves)
Aparelhos de rádio e toca discos incorporados em móvel. (Foto: Aletheya Alves)

Sem se imaginar fora do bairro, Rogério conta que, durante as três décadas, viu muita gente tentando a sorte na mesma profissão e acabando indo embora depois de algum tempo. “Acho que de mais antigo, só eu mesmo. Muita gente abre salão, fica por pouco tempo e depois vai embora. Eu gosto aqui do bairro e fui ficando também, porque aqui sempre foi meu.”

Por saber que não iria se mudar dali, foi acumulando objetos que dessem sua cara ao pequeno salão e com o tempo, os clientes começaram a ajudar. Ele explica que ainda adolescente comprava discos de vinil e ao invés de deixar em casa, levou as mais de 400 peças para a decoração.

Ciumento, o cabeleireiro alerta que os discos são apenas para manter a memória viva e, por isso, ninguém chega a escutar as músicas. “Às vezes, os clientes trazem os filhos para mostrar como era. Eu falo que pode olhar, mas não coloco para tocar, porque iria estragar”.

Telefone público antigo foi instalado como parte da decoração. (Foto: Aletheya Alves)
Telefone público antigo foi instalado como parte da decoração. (Foto: Aletheya Alves)

Já em negociação com clientes, ele comprou um móvel com rádio e toca discos incorporados, além de um telefone público que seria jogado fora. Brincando, ele argumenta que mais do que um salão, com passar do tempo, o lugar vai acabar se tornando um museu.

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