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Arquitetura

Raquel e Diná querem terminar balanço que o pai não teve tempo de concluir

Ele não desgrudava das ferramentas, e de fogão a lenha a bancos, construiu a casa da família

Alana Portela | 19/09/2019 08:45
Raquel da Silva Santos pendurando o balanço na varanda, aos fundos, sua mãe Giselia da Silva (Foto: Alana Portela)
Raquel da Silva Santos pendurando o balanço na varanda, aos fundos, sua mãe Giselia da Silva (Foto: Alana Portela)

Criatividade vale muito e isso não faltava em Manuel Messias dos Santos. Engenhoso e animado, começou a construir um balanço no formato de barco para pendurar na varanda da família. Mas a nova criação do pai inventor ficou inacabada e agora a missão é das filhas, Diná e Raquel da Silva Santos. Junto com a tarefa, as duas herdaram lições de determinação, espalhadas pela casa simples no Bairro Oliveira.

“O barco está guardado, mas vou concluir o que ele não conseguiu dar continuidade”, reforça Raquel. Doméstica, aos 51 anos ela perdeu o pai há três anos, vítima de dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral).

O balanço é feito de madeira, com detalhes em alumínio, mas faltam alguns retoques finais para ser concluído e depois pendurado por um cabo nos fundos da casa, para quem quiser relaxar. “Esse é um modelo pequeno que ele já fez. Aqui é onde a família se reúne, almoça, faz festas. Sentamos na mesa do lado para conversar”, contou Raquel.

Raquel deseja concluir o balanço do pai (Foto: Alana Portela)
Raquel deseja concluir o balanço do pai (Foto: Alana Portela)
Balanço pendurado na varanda pelas filhas (Foto: Alana Portela)
Balanço pendurado na varanda pelas filhas (Foto: Alana Portela)
O fogão a lenha onde Manuel Messias dos Santos fazia seus doces (Foto: Alana Portela)
O fogão a lenha onde Manuel Messias dos Santos fazia seus doces (Foto: Alana Portela)

Essa é só uma das lembranças deixada Manuel aos 78 anos. “Essa casa nós ajudamos ele a construir e através daqui, dos objetos, sentimos a presença dele. Dá saudade. Dá impressão que ele está aqui na frente”, falou Diná com lágrimas nos olhos.

Falar do pai para às duas, é trazer boas recordações, mas ao mesmo tempo aquele aperto no peito. “Ele enfrentou um problema de saúde com dificuldade. Mas era persistente e não parava, gostava muito do que fazia. Era construtor, moramos em Salvador, São Paulo, até chegar em Campo Grande em 1984. Aqui no Estado participou de várias obras e, inclusive, os materiais que sobravam das demolições foram usados para erguer a nossa casa hoje”, relatou Diná.

Também na varanda dos fundos está um fogão a lenha, onde Manuel usava para fazer doces. “Gostava de preparar os doces. Fazia tapioca de mandioca, dava um trabalho, porque precisava ralar a mandioca. Depois do falecimento dele usamos pouco, porque era ele quem sabia preparar”, contou Diná.

Diná comentou sore as lembranças que guarda do pai (Foto: Alana Portela)
Diná comentou sore as lembranças que guarda do pai (Foto: Alana Portela)
Fotografia guardada pela família mostra Manuel Messias segurando um pedaço de madeira enquanto trabalhava na obra com os colegas (Foto: Alana Portela)
Fotografia guardada pela família mostra Manuel Messias segurando um pedaço de madeira enquanto trabalhava na obra com os colegas (Foto: Alana Portela)
A parede da varanda da frente foi pintada de azul por Manuel Messias e os bancos de madeiras também foram construídos por ele (Foto: Alana Portela)
A parede da varanda da frente foi pintada de azul por Manuel Messias e os bancos de madeiras também foram construídos por ele (Foto: Alana Portela)
Os portões de madeira também foram ideias de Manoel Messias (Foto: Alana Portela)
Os portões de madeira também foram ideias de Manoel Messias (Foto: Alana Portela)

A residência também foi construída aos poucos, porém também não deu tempo de ser finalizada. “Ele pensou em tudo. Misturou o que sabia da engenharia, de construir viadutos, pontes e usou para construir a nossa casa, porém não conseguiu terminar. O desejo era fazer a varanda, disse que ergueria, nem que fosse a última coisa que faria. E foi mesmo”, relatou Diná.

“As pilastras são de concreto, mas não foram concluídas. Cuidou de cada detalhe, fez o portão de madeira porque gostava de olhar o que estava acontecendo no lado de fora do portão”, falou Diná. Sua mãe, Giselia da Silva também comentou sobre a partido do amando. “Infelizmente não deu mais tempo dele concluir. Alguns detalhes da casa, como a cor azul na parede da varanda é porque ele que gostava da cor”. Manuel Messias também fez alguns bancos de madeira no local para quando as visitas chegassem na casa. 

Manuel se foi, mas deixou um pouquinho dele em cada um. “Tem vezes que penso que sou ele e faço o seu papel da casa. Antes era ele, agora as minhas filhas falam comigo para decidir algo”, disse Giselia. “Fiquei com a teimosia e persistência dele. Quando coloca uma coisa na cabeça não tiro”, completou Diná. Já Raquel afirmou que carrega do pai a semelhança física e alguns traços da personalidade.

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Da esquerda para direita; A mãe Giselia da Silva dos Santos ao lado das fllhas Raquel e de Diná (Foto: Alana Portela)
Da esquerda para direita; A mãe Giselia da Silva dos Santos ao lado das fllhas Raquel e de Diná (Foto: Alana Portela)
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