Vasos no portão guardam história de lar que viu bairro crescer em 60 anos
Das plantas a decoração, tudo foi pensado por Abadia e Milton quando rua era só terra
Criando um portal na entrada da casa, dois vasos de plantas deixados por Abadia Gonzaga de Assis e Milton Pereira de Assis guardam as lembranças de uma história que começou há mais de 60 anos. Na Rua da Imprensa, desde as janelas até a “moldura” da casa viram o bairro crescer e são mantidos exatamente como a matriarca pediu.
Hoje, quem dá continuidade à vida na casa é Arilda Gonzaga de Assis, filha do casal, e Orlando Leite, seu marido. Dividindo sua história com a do lar, ela conta que mora por ali desde quando ainda só existia na barriga da mãe.
“Quando meu pai se tornou ferroviário, a gente não tinha casa para morar e aí eles levantaram aqui. Era tudo sem asfalto, tinha só terra. Agora isso aqui ainda vai continuar passando de geração em geração”, explica Arilda.
Sem os pais vivos, contar sobre a luta da família para conseguir ter uma casa ficou sob responsabilidade de Arilda. Se emocionando com cada lembrança trazida pelos móveis e objetos que se espalham dentro e fora da casa, ela explica que tudo foi feito graças a muito trabalho.
Na época em que as paredes começaram a ser levantadas, os outros vizinhos também se esforçaram por seus novos lares e ninguém imaginava que no futuro a região começaria a se tornar cada vez mais comercial. “Hoje muita gente se mudou, vendeu e aqui tem virado comércio. Os vizinhos antigos estão diminuindo bem”.
Sobre os detalhes de construção do lar, a filha detalha que a profissão dos pais não impediram que escolhessem com cuidado cada parte. Desde a estrutura da janela até a cor das paredes, tudo foi pensado para que a casa fosse um lugar convidativo para a família.
Mesmo sendo ferroviário, Milton decidiu que cada detalhe do novo lar teria seus pensamentos, incluindo a decoração arquitetônica. “Até a moldura da casa foi meu pai quem projetou. Tanto meu pai quanto minha mãe eram muito caprichosos, pensavam em tudo”.
Assim como Milton, dona Abadia também se dividia entre o trabalho e o carinho pela casa. Como a filha conta, Abadia era lavadeira e a cada roupa lavada conseguiu fazer com que o lar fosse aprimorado.
Na fachada, o portão de grades segue o mesmo desde quando a casa foi construída, assim como a porta principal que integra o quadro de janelas. Dalí, Arilda viu o bairro crescer, apresentou o marido para os pais e criou os três filhos.
Hoje, ela conta que seu principal papel é conservar as memórias dos detalhes deixados pelos pais. “As plantas eram da minha mãe, todas elas. Me lembro dela sempre falar que a gente precisava cuidar muito bem da casa para nada acabar. Agora faço isso e me emociono”.
Ao lado de Orlando, que aprendeu a também ter carinho pelo lar, Arilda narra que todos os sentimentos são de amor por manter as lembranças dos pais tão presentes. “Meu marido aprendeu a gostar de cuidar das plantas, meus filhos foram criados aqui e meus netos já moraram também. Tudo vai ficar para eles, então todo mundo vai cuidando”.
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