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Artes

“Folk na Rua” é projeto que se aproxima de uma 14 de Julho mais diversa

Grupo de apresentou na 14 de Julho sem pompas e provou que rua merece receber a diversidade cultural

Thailla Torres | 29/12/2019 08:05
Sem palco ou caixa de som gigante, uma dupla Vozmecê apresentava canções no estilo folk. (Foto: Kísie Ainoã)
Sem palco ou caixa de som gigante, uma dupla Vozmecê apresentava canções no estilo folk. (Foto: Kísie Ainoã)

Quem passou pela Rua 14 de Julho na manhã de sábado viu cena diferente. Sem palco ou caixa de som gigante, uma dupla Vozmecê apresentava canções no estilo folk, como parte do projeto “Folk na Rua”, iniciativa que busca levar ao Centro a cultura de rua.

O som convidou estranhos a olhar. A curiosidade se esse tipo de ação vinga ou não na principal rua comercial da cidade fez alguns perguntarem sobre o projeto. Pessoas filmando ou contribuindo com dinheiro também foram registradas.

O projeto é uma pequena raiz do “Folk In Casa”, idealizado por Jimmy Andrews, que se estabelece a partir de um coletivo de músicos que fortalecem o trabalho autoral e músicas de força popular. O “Folk na Rua” é motivado pela ideia de emplacar a cultura de rua, que é o que mais se aproxima da ideia de transformar a Rua 14 de Julho numa área diversa, especialmente aos domingos, semelhante ao que é realizado em São Paulo aos domingos e feriados com o fechamento da Avenida Paulista para um domingo 100% cultural.

A rua campo-grandense não chega nem perto do clima encontrado em das principais ruas de São Paulo, mas não é utopia, basta incentivo e insistência, acreditam músicos e moradores. “No primeiro dia da nossa manifestação, sem som, somente à capela, pudemos ver reações com um teor de susto. No segundo dia, tivemos a surpresa de sentir uma recepção em festa”, comentou Jimmy.

O clima musical agradou o garçom José Freitas, de 21 anos. “Eu gostei muito, a música anima o dia de qualquer um”. Na visão dele, se a cultura vinga por ali a gastronomia da rua também ganha importância. “É muito bom porque gera conteúdo para eles (público) e também clientes para nós”, completa.

Maristella Barcellos, de 53 anos, já esteve em movimentos culturais como os de São Paulo e sentiu que a iniciativa pode ser um primeiro passo para ver a Rua 14 de Julho lotada, não só de pedestres aos domingos, mas de artistas de rua de diversas áreas. “Me fez lembrar os fins de anos quando eu vinha do São Francisco curtir a 14 de Julho. Achei porque esse tipo de ação só traz cultura e educação, acho que a gente precisa mais disso”.

Desde a reinauguração muito se fala sobre a ideia de consolidar a 14 de Julho como relevante opção de lazer para os campo-grandenses aos domingos e feriados. Quando a ideia foi comparada ao cenário encontrado na Avenida Paulista, em setembro, em reportagem publicada pelo Lado B, milhares de comentários se mostraram contrários ou duvidosos, no entanto, uma enquete feita com os leitores mostrou que 80% são a favor das intervenções culturais no local.

A aprovação popular caminha junto com projetos da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo que tem buscado levar apresentações culturais para rua aos domingos, no entanto, a falta de público revela que não falta apenas hábito, mas diversidade.

Enquanto a rua campo-grandense fecha com apenas artista se apresentando em um palco montado pela própria prefeitura, cidades maiores provam que arte de rua vence os palcos e dominam o asfalto. Em São Paulo, por exemplo, as pessoas interagem e passeiam, não apenas passam. Quando se fala em arte de rua, ela está por todos os lados cruzando com quem anda a pé, de patins, skate, patinete ou bicicleta.

Quando se fala em coletivo de rua, na capital paulista a iniciativa se consolida com músicos, estátuas vivas, mágicos, artistas cênicos, grupos de dança, instalações e centenas de artesãos. Além disso, o próprio comércio local se beneficia da rua fechada, o que pode ser um grande incentivo para Campo Grande reviver a cultura dos barzinhos centrais e locais para se divertir no coração da cidade.

Ou seja, se a rua 14 de Julho liberar os domingos para a diversidade de artistas, não haverá desculpa, mas espaço e cultura para todo mundo que deseja.

Se a rua 14 de Julho liberar os domingos para a diversidade de artistas, não haverá desculpa, mas espaço e cultura para todo mundo que deseja. (Foto: Kísie Ainoã)
Se a rua 14 de Julho liberar os domingos para a diversidade de artistas, não haverá desculpa, mas espaço e cultura para todo mundo que deseja. (Foto: Kísie Ainoã)
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